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Por Thomas

Você conhece a importância dos manguezais?

COLUNA PAPO VERDE POR DANI FUMACHI

Por Thomas

Quando a maré sobe, o mangue parece só um labirinto de raízes retorcidas mergulhadas na água barrenta. Quem não conhece passa rápido, sem dar muita importância. Mas ali, entre o cheiro salgado e a lama que gruda nos pés, está um dos ecossistemas mais produtivos do planeta.

As florestas de mangue funcionam como berçários para peixes, camarões e caranguejos, são barreiras naturais contra tempestades e ainda conseguem absorver até quatro vezes mais carbono que florestas em terra firme. Para milhares de famílias, são também o armário da despensa e a renda do mês.

O Brasil guarda a segunda maior área contínua de manguezais do mundo. Mais de 1,3 milhão de hectares. Do Amapá a Santa Catarina, eles formam uma linha viva que costura terra e mar. Não são árvores comuns: crescem na transição entre água doce e salgada, respiram por raízes que parecem dedos saindo da lama e sobrevivem a variações que afogariam qualquer outro tipo de planta.

Essa habilidade não é só curiosa: ela molda todo o litoral. As raízes prendem o sedimento, filtram a água e seguram a erosão. Em um ciclone, são como um colchão que amortece o impacto das ondas e evita que a força do mar varra casas inteiras. No dia a dia, mantêm a temperatura da água e oferecem esconderijo para espécies jovens até que tenham tamanho suficiente para enfrentar o oceano aberto.

“Se o mangue tá saudável, a pesca é boa. Se ele some, some também o peixe”, diz seu Zé, pescador de camarão no litoral do Pará.

E a ciência confirma. Estudos mostram que áreas de mangue intactas aumentam em até 50% a produtividade da pesca artesanal. Além disso, um hectare de mangue pode estocar mais de 1.000 toneladas de carbono em seu solo e biomassa, um dado que chamou atenção da ONU em relatórios sobre soluções naturais para a crise climática.

Apesar disso, eles seguem sendo arrancados para dar lugar a condomínios de luxo, estradas e fazendas de camarão, muitas vezes ilegais. É um processo lento e silencioso: primeiro secam uma parte, depois canalizam a água, e quando se percebe, a lama viva já virou concreto ou tanque artificial.

Mas o mangue não é frágil como parece. Em alguns lugares, ele resiste e até reconquista território. No Vietnã, vilas inteiras estão replantando manguezais como proteção contra tempestades. No Ceará, um projeto comunitário recuperou mais de 100 hectares degradados, e os moradores dizem que a pesca voltou a ter fartura de antes.

O curioso é que, mesmo sendo tão essenciais, os mangues ainda vivem no imaginário como “lama suja” ou “matagal de mosquito”. Talvez porque não brilham como praias turquesa ou florestas exuberantes. Mas para quem entra neles, até o silêncio tem peso. É um mundo que pulsa devagar, sem pressa de se explicar.

E talvez seja isso que mais impressiona: no mangue, tudo parece simples: água que entra e sai, raiz que respira, peixe que cresce, maré que volta. Mas essa simplicidade sustenta vidas que a gente nem imagina.

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