SP: líder de comunidade online envolvido em estupros virtuais é apreendido em Pernambuco
Adolescente havia sido detido em novembro, ficou internado por 45 dias e, quando saiu, voltou a praticar os mesmos crimes

Foto: SSP-SP
Por Isabele Amaral
Um dos líderes de uma comunidade virtual que propaga crimes de estupros virtuais, automutilação, pornografia infantil, injúria, homofobia, terrorismo, dentre outros, foi apreendido nesta quarta-feira (4) em Recife, no estado de Pernambuco. A ação aconteceu após um extenso trabalho de investigação do Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad), da Polícia Civil de São Paulo, que comunicou o crime à polícia pernambucana.
Conforme as investigações, o adolescente de 17 anos fez mais de 200 vítimas em diferentes crimes. Ele ainda tem envolvimento em outras fraudes, como inserção de dados falsos em sistemas de instituições privadas e públicas — essa era a principal tática usada para ameaçar as vítimas.
O adolescente havia sido apreendido em novembro de 2024, durante a primeira fase da Operação Nix, deflagrada pelo Noad de São Paulo. Ele permaneceu internado durante 45 dias e, quando saiu, voltou a praticar os mesmos crimes.
Em uma conversa interceptada pelos policiais civis denominados “observadores digitais” que atuam no núcleo, o infrator chega a zombar da Justiça brasileira ao comemorar a soltura.
“Nós fizemos toda a investigação aqui, conseguimos colher as provas, apresentamos ao Poder Judiciário e a Polícia Civil do Pernambuco nos ajudou a executar a apreensão”, explicou a delegada Lisandréa Salvariego, coordenadora do Noad.
Dentre as infrações em que o adolescente responde estão intimidação sistemática virtual (cyberbullying); pedofilia, por oferecer e disponibilizar pornografia infantil; aliciar, assediar ou instigar crianças e adolescentes; induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ou automutilação; estupro virtual; racismo; violência psicológica contra a mulher; invasão de dispositivo informático; e outros.
Operação Nix
Batizada de “Nix” que, na mitologia grega era mãe da deusa Nêmesis, codinome usado nas redes sociais por um dos integrantes dessas comunidades criminosas virtuais, a operação cumpriu, na primeira fase, dez mandados de busca e duas prisões temporárias autorizadas pela Justiça. Além de São Paulo, a ação ocorreu em Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e no Distrito Federal.
Entre os alvos, estava um menor de idade do interior paulista apontado como um dos “donos” de um grupo investigado. O adolescente apreendido hoje também tinha um mandado judicial. Na época, o pai dele também acabou preso porque, segundo a Polícia Civil, o nome do homem estava nas contas bancárias que recebiam o dinheiro proveniente da venda de pornografia infantil.
Sobre o Noad
O Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad) foi o primeiro implantado em São Paulo pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) com o objetivo de impedir a expansão da violência nas redes sociais, como estupros virtuais e a comercialização de pornografia infantil.
Criado por meio da resolução 67/2024, o Noad está estabelecido no nono andar do prédio da secretaria e conta com uma estrutura que envolve policiais civis atuando infiltrados 24 horas por dia em comunidades e grupos da internet para detectar atividades criminosas. Eles são denominados “observadores digitais”. Além deles, o setor também conta com policiais militares e peritos.
Todo material coletado durante a investigação embasa um relatório de inteligência que é anexado ao inquérito policial e, posteriormente, é submetido ao Poder Judiciário com eventuais pedidos de buscas, prisões ou internações. Os agentes também agem na iminência de uma ação criminosa, acionando outros departamentos policiais para intervenção.