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Por Luana

Soluções artesanais para conservação do oceano é foco de empresa coordenada por itatibense

Em entrevista ao JI, Beatriz, que é natural de Itatiba, explicou que a missão da Marulho é ajudar na conservação do oceano, buscando soluções locais e artesanais para o plástico de uso único

Por Luana

Foto: Divulgação/Beatriz Mattiuzzo

Da Redação

Coordenada pelos oceanógrafos formados pela USP, Beatriz Mattiuzzo e Lucas Gonçalves, a Marulho é uma pequena empresa que tem o diferencial de ajudar a solucionar desafios ambientais e sociais, por meio de uma cadeia justa de trabalho.
Em entrevista ao JI, Beatriz, que é natural de Itatiba, explicou que a missão da Marulho é ajudar na conservação do oceano, buscando soluções locais e artesanais para o plástico de uso único. “Fazemos isso principalmente por meio da recuperação e reutilização de redes de pesca descartadas, e atuamos facilitando com que elas sejam costuradas e transformadas em produtos de maior valor agregado por ex-pescadores da Ilha Grande – RJ, onde vivemos atualmente”.

Problemas ambientais

Segundo Beatriz, o descarte de redes de pesca é um problema ambiental, pois as redes são feitas de plástico e levam centenas de anos para se desintegrarem no mar. “E elas não são ‘apenas’ mais plástico no mar, também continuam capturando animais sem nenhum aproveitamento, o que é chamado de pesca fantasma. Como não existe descarte correto e nem reciclagem para estas redes – a melhor alternativa é ir para um aterro – muitas são largadas pelos pescadores. Por isso, buscamos mostrar que o material pode ser reutilizado e ajudar a gerar renda para eles e suas famílias”.

Cultura e produtos

A oceanógrafa ressaltou que, além da renda, a costura é toda feita à mão, seguindo técnicas típicas culturais dos caiçaras – povos tradicionais da costa brasileira – portanto há um saber cultural e social envolvido que também precisa ser passado adiante.
“Começamos produzindo sacolas com rede de pesca para frutas e legumes, mas hoje elas já são usadas para vários outros fins, como para roupa suja, brinquedos infantis, levar para a praia, embalagem de tênis e outros produtos, e o que mais a galera inventar! Gostamos da criatividade”.

História

De acordo com a empreendedora, o projeto começou na metade de 2019, quando ela estava vivendo e trabalhando com outras atividades na Ilha Grande; vendo a realidade da comunidade onde morava e as redes de pesca descartadas, quis buscar uma solução para o problema. “Na época, apenas um pescador, Seu Filinho, de 85 anos, começou a desenvolver sacolas de redes de pesca com a Marulho”.
Beatriz contou que a iniciativa cresceu mesmo durante a pandemia, quando houve o desejo de ajudar a gerar renda na comunidade, que passava por um momento difícil devido a interrupção do turismo. “Nós resolvemos mergulhar nessa. De julho de 2020 para cá, passamos de um para oito profissionais que trabalham com as redes de pesca descartada. Estamos abrindo novos setores agora, como brindes corporativos e parcerias com empresas que querem melhorar a experiência do consumidor e gerar impacto socioambiental positivo”.

Marulho – o barulho do mar

Questionada sobre a origem do nome “Marulho”, Beatriz disse que significa barulho do mar. “É um termo que aprendi no curso de oceanografia, usado para falar do som da rebentação das ondas na praia. Queremos mesmo fazer barulho para o mar, divulgar a sua importância e como estamos conectados com ele o tempo todo”.

Estilo de vida

“Viver em Ilha Grande, no sul do estado do RJ, não é o paraíso que todo mundo acha. A gente vive numa das comunidades menos turísticas de uma ilha onde só se chega de barco. É uma região maravilhosa de fato, mas muito ameaçada e de interesses bastante conflituosos: por aqui tem portos, usina nuclear, muitas lanchas e yatchs privados, pesca predatória... além das dificuldades estruturais, como o difícil acesso a serviços - supermercado, farmácia, hospital? Esquece, só daqui a uma hora de barco - internet limitada, energia que vive faltando e saneamento precário”, afirmou Beatriz.
A oceanógrafa comenta que o estilo de vida que leva hoje é muito mais simples do que ela estava acostumada em Itatiba. “Eu sou constantemente lembrada das dificuldades que as pessoas que vivem aqui enfrentam desde sempre. Acho importante falar desses desafios, mas sou muito feliz em poder chamar a Ilha Grande de casa atualmente e sei que se não fosse nossa presença aqui, o projeto não aconteceria”.

Contato

“Eu e o Lucas entendemos que é muito importante divulgar a ciência que aprendemos na universidade e dar voz aos artesãos que fazem a Marulho acontecer. Toda semana trazemos isso para as nossas redes sociais, especialmente o Instagram e Facebook (@marulhoeco). Quem se interessar e quiser ajudar o projeto, pode adquirir os produtos em www.fazermarulho.com.br ou entrar em contato direto comigo (bia@fazermarulho.com.br) para desenvolver brindes corporativos e afins”, finaliza Beatriz.

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