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Por Thomas

“Sem mim, não existe açaí, caju, nem pequi”

Coluna Papo Verde com Dani Fumachi

Por Thomas

Pouca gente sabe, mas, se você já tomou um bom açaí gelado, mordeu um caju no quintal da avó ou sentiu o perfume forte de um pequi sendo refogado na panela, tem um culpado por trás disso tudo: o morcego.

Sim, esse mesmo bicho que o cinema tratou de vestir com capa preta e associar ao medo. A natureza, como sempre, é muito mais criativa que Hollywood. Os morcegos são engenheiros invisíveis da biodiversidade: plantadores de florestas, polinizadores noturnos e controladores de pragas. Sem eles, o mundo ficaria mais silencioso, menos fértil e sem uma penca de sabores que fazem parte da nossa cultura.

Os jardineiros da noite

Mais da metade das espécies de morcegos que voam pelo Brasil vivem de frutas. Enquanto devoram figos, cajus e goiabas, carregam sementes por quilômetros. Ao defecarem em pleno voo, sem querer, replantam o que comeram. Eles fazem a floresta caminhar, literalmente. É como se cada morcego fosse um drone natural de reflorestamento, só que grátis, eficiente e incansável.

Outros morcegos se especializaram em néctar. São os colibris da madrugada: mergulham em flores de pequi, de umbu, de jatobá. Saem com o focinho lambuzado de pólen e levam vida de uma flor para outra. O resultado? Frutos que sustentam animais, comunidades e economias inteiras. Sem esses polinizadores noturnos, o cerrado perderia muito do seu esplendor e a gente, muito do nosso prato.

Guardiões invisíveis contra pragas

Tem mais: morcegos insetívoros são verdadeiros exércitos de controle biológico. Uma única colônia pode devorar toneladas de insetos em poucos meses. Traduzindo: menos mosquitos, menos pragas agrícolas, menos veneno jogado nas lavouras. Eles são aliados da saúde pública e da agricultura, mas raramente recebem o crédito.

O preço do medo e da ignorância

Apesar de tudo isso, os morcegos carregam um fardo injusto: o estigma. Assustam pelo formato, pelos mitos e, mais recentemente, por associações rápidas demais com vírus. O que se esquece é que o problema nunca é o animal em si, mas os desequilíbrios que nós criamos ao destruir habitats e forçar encontros que a natureza nunca planejou. Demonizar os morcegos é virar as costas para a própria sobrevivência.

Sem eles, sem nós

Morcegos são uma das peças mais antigas e sofisticadas do quebra-cabeça da vida. Estão na Terra há mais de 50 milhões de anos e, nesse tempo, aprenderam a ser ponte entre plantas e frutos, noite e dia, floresta e gente.

Da próxima vez que você sentir o gosto roxo do açaí, a acidez do caju ou a intensidade do pequi, lembre-se: há um voo específico costurando essas histórias. Se o morcego desaparece, a mesa fica mais pobre, a floresta mais frágil, e a vida menos vida.

Por isso, quando alguém perguntar quem tem o poder de salvar um ecossistema inteiro, a resposta é simples: sem ele, não existe açaí, caju, nem pequi.

“Sem mim, não existe açaí, caju, nem pequi”

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