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Foto: Divulgação / SCMI

A Santa Casa de Misericórdia de Itatiba desenvolve um trabalho contínuo e especializado para incentivar e apoiar o aleitamento materno, especialmente nos casos de bebês prematuros internados na UTI Neonatal. Segundo a enfermeira e gestora responsável pela Maternidade e UTI Neonatal, Camila Nunes em entrevista ao Jornal de Itatiba, a atenção começa já nas primeiras horas de internação e envolve equipe multiprofissional, protocolos específicos e ações de humanização do cuidado.

Na Santa Casa, todos os prematuros são inicialmente assistidos na UTI Neonatal. Quando o bebê ainda não consegue mamar diretamente, as mães recebem orientação para realizar ordenha manual, garantindo a manutenção e o estímulo da produção de leite. Em muitos casos, o alimento é oferecido por gavagem, um procedimento que utiliza sonda para levar o leite materno diretamente ao estômago do bebê.

Assim que o estado clínico permite, é introduzido o método “mãe canguru”, no qual a mãe permanece em contato direto com o bebê, prestando cuidados e oferecendo amamentação sob livre demanda. “Esse momento é fundamental para fortalecer o vínculo, estabilizar o bebê e estimular a sucção”, explica Camila.

Equipe qualificada

Todas as enfermeiras da UTI Neonatal possuem especialização na área, e o setor conta ainda com o suporte da fonoaudióloga Silvana Castello, que atua diretamente em casos que exigem apoio técnico para a pega correta e coordenação da sucção e deglutição. A presença dessa profissional é acionada sempre que necessário, trabalhando lado a lado com mães e equipe de enfermagem.

Camila destaca que, desde o primeiro dia, as mães são orientadas a manter a ordenha manual, mesmo quando o bebê não está pronto para mamar. A prática evita complicações como mastite e garante que o leite esteja disponível assim que o bebê iniciar a ingestão oral. Quando a própria mãe está internada na UTI adulta, a equipe neonatal oferece apoio direto, deslocando profissionais para orientá-la no mesmo ambiente.

Orientações após a alta

Segundo a enfermeira, as mães deixam a UTI Neonatal “craques” na amamentação. Além de reforçar a importância do aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida, a equipe orienta sobre sinais de que a alimentação está adequada, como produção de urina, evacuação regular e ganho de peso. Nos casos de gêmeos, recomenda-se intercalar a amamentação com fórmula, garantindo que ambos recebam alimentação suficiente.

O acompanhamento pós-alta é feito pelo Centro de Atenção à Criança (CAC), que monitora peso, desenvolvimento e, se necessário, aciona novamente a equipe da UTI Neonatal ou do berçário.

Entre os maiores desafios apontados estão a distância entre a casa da mãe e o hospital, falta de transporte, ausência de rede de apoio, outros filhos pequenos para cuidar, uso de medicamentos que contraindicam o aleitamento, soropositividade para HIV, histórico de implantes de silicone e uso de drogas ilícitas. “Cada situação é tratada de forma individual, para que possamos orientar e encontrar alternativas seguras para mãe e bebê”, ressalta Camila.

Ações no Agosto Dourado

Embora Itatiba ainda não possua banco de leite humano, a Santa Casa está estruturando uma parceria com Atibaia para o encaminhamento de casos em que haja dificuldade na produção.

No Agosto Dourado, mês de incentivo ao aleitamento materno, o hospital intensifica o Projeto Bebê a Bordo, que oferece palestras, rodas de conversa e depoimentos de mães, além de orientações práticas sobre pega e posicionamento corretos. Nessas atividades, pais, avós e outros familiares também participam, reforçando a rede de apoio. “Envolver a família é essencial para que a mãe consiga manter a amamentação em casa”, explica a gestora.

“Nosso objetivo é que a mãe saia daqui segura, confiante e preparada para seguir amamentando. O leite materno é o melhor início que podemos oferecer ao bebê”, conclui Camila Nunes.