O que é o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)?
Foto: Divulgação / Mart Production
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) é uma condição mental séria que, por muito tempo, foi associada a quem passou por conflitos de guerra. Contudo, com o tempo, entendemos que esse transtorno pode afetar qualquer pessoa que tenha vivenciado experiências traumáticas profundas.
Quem nunca passou por um momento em que sentiu aquele susto, como quando um carro se aproxima rapidamente ou você tem um problema de saúde inesperado?
Esses episódios podem ficar marcados na memória. Sendo um possível começo do transtorno de estresse pós-traumático.
Quando enfrentamos uma experiência traumática, o corpo entra em um estado de alerta. O sistema nervoso dispara, e hormônios do estresse são liberados para nos preparar para lutar, fugir ou até mesmo congelar.
Após o perigo passar, muitas pessoas conseguem seguir em frente e “deixar para trás”. No entanto, para outras, a sensação de estar constantemente em alerta pode persistir por muito tempo, com sintomas que podem durar semanas, meses ou até anos.
Se você se identifica com isso, saiba que não está sozinho. O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) é uma condição mais comum do que parece, e, com o tratamento adequado, como a terapia focada no trauma, é possível controlar os sintomas e recuperar a qualidade de vida.
O que é o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)?
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático é uma resposta psicológica que pode se desenvolver após a vivência de eventos que causam grande impacto emocional. Isso pode ocorrer quando alguém passa por situações traumáticas ou mesmo quando presencia um evento desse tipo.
Essa condição foi reconhecida oficialmente como um diagnóstico médico na década de 1980, após ser incorporada ao Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), pela Associação Americana de Psiquiatria (APA).
Pessoas diagnosticadas com o TEPT podem viver em um estado constante de alerta, como se estivessem sempre ameaçadas, o que pode gerar um mal-estar psicológico intenso, mesmo quando o perigo já não existe mais.
O TEPT é muito comum?
Embora muitas pessoas vivenciem um evento traumático e não desenvolvam complicações, uma pequena parcela pode acabar desenvolvendo o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT).
No Brasil, estima-se que cerca de 3,6% da população adulta, o que corresponde a aproximadamente 9 milhões de pessoas, preencham os critérios diagnósticos para o TEPT, de acordo com algumas pesquisas da área de saúde mental.
O TEPT é mais frequente em indivíduos que trabalham em ambientes de alto risco e estresse, como bombeiros, policiais, paramédicos e veteranos de guerra.
A prevalência do TEPT entre veteranos militares varia conforme a época de serviço:
● Guerra do Iraque: entre 11% e 20%, ou seja, 11 a 20 a cada 100 veteranos;
● Guerra do Golfo: 12%, ou 12 a cada 100 veteranos;
● Guerra do Vietnã: 15%, ou 15 a cada 100 veteranos.
Em relação ao trauma sexual militar (TSM), estudos indicam que entre mulheres militares, 25% a 45% podem ter sofrido TSM, enquanto entre homens, a taxa varia entre 3% e 12%, dependendo dos critérios.
As mulheres tendem a relatar TSM com mais frequência do que os homens, e essa diferença pode ser parcialmente atribuída ao estigma associado ao relato de agressão.
Quais são as causas do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)?
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) já foi conhecido como “choque de combate” ou “síndrome de fadiga de batalha”, e muitas pessoas podem estar familiarizadas com essa condição devido à sua associação com veteranos de guerra.
No entanto, o TEPT pode se desenvolver em diversas situações, não estando restrito ao contexto militar. O que liga todas essas situações é a percepção ou experiência real de uma ameaça iminente, que pode envolver até a possibilidade de perda de vida.
Algumas causas comuns do TEPT incluem:
● Desastre natural;
● Violência criminal;
● Evento médico grave;
● Experiência de quase-morte;
● Perda de um ente querido;
● Abuso físico ou sexual;
● Acidentes de transporte (carro, avião, etc.).
Em geral, qualquer evento estressante em que você sinta medo, choque, horror ou impotência pode ser desencadeador do TEPT.
Quais são os sintomas do TEPT?
Depois de um trauma, é normal se sentir abalado por alguns dias. Mas, quando esses sinais persistem e começam a atrapalhar a vida diária, pode ser um sinal de TEPT.
Os sintomas geralmente aparecem nos primeiros meses, mas também podem surgir bem depois.
Sintomas de revivência
Esses sintomas fazem a pessoa reviver o trauma como se ele estivesse acontecendo de novo:
● Flashbacks ou sensação de estar vivendo tudo outra vez;
● Pesadelos frequentes;
● Lembranças invasivas e angustiantes;
● Mal-estar emocional ou físico ao lembrar do trauma.
Eles aparecem de forma repentina e podem ser acionados por imagens, sons ou cheiros que remetem ao evento.
Sintomas de fuga
A pessoa tenta evitar tudo que possa lembrar o trauma:
● Fugir de lugares, pessoas ou situações relacionadas;
● Evitar falar ou pensar no que aconteceu;
● Rejeitar sons, cheiros ou objetos ligados ao evento.
Essa fuga pode limitar bastante a rotina da pessoa.
Sintomas de hiperalerta
A pessoa fica em estado constante de alerta e tensão:
● Irritabilidade e explosões de raiva;
● Estar sempre “em guarda”;
● Dificuldade de concentração;
● Sobressaltos exagerados.
Esse estado é cansativo e pode atrapalhar o sono e as relações.
Sintomas emocionais e cognitivos
O trauma mexe na forma de pensar e sentir:
● Pensamentos negativos sobre si mesmo;
● Sentimentos de culpa ou vergonha;
● Perda de interesse em coisas que antes davam prazer;
● Problemas de memória.
Isso pode levar ao isolamento e baixa autoestima.
Sintomas físicos
Muitos sintomas físicos acompanham o TEPT:
● Suor excessivo e tremores;
● Tontura e dores de cabeça;
● Desconforto no peito e dores pelo corpo;
● Cansaço por noites mal dormidas.
Esses sintomas lembram crises de ansiedade ou pânico, deixando o corpo em alerta constante.
Como tratar o TEPT?
Embora não seja possível evitar que um evento traumático aconteça, existem formas eficazes de lidar com os sintomas que surgem depois.
Pesquisas mostram que algumas características ajudam as pessoas a se adaptarem e até crescerem após um trauma, como:
● Saber pedir ajuda e buscar apoio;
● Desenvolver estratégias para enfrentar as dificuldades;
● Ter uma visão positiva sobre como lidou com a situação.
Pessoas que adotam uma postura ativa para enfrentar o problema tendem a se recuperar mais rápido. Segundo o Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA (NIMH), algumas pessoas melhoram em até seis meses, mas para outras o tratamento pode durar alguns anos.
O tratamento geralmente envolve uma combinação de psicoterapia e, em alguns casos, uso de medicamentos.
O TEPT é uma condição complexa, mas totalmente tratável com psicoterapia, medicamentos e outras abordagens complementares.
Cada pessoa vivencia o trauma de uma forma única, e isso não significa que você precisa enfrentar tudo sozinho.
Existem grupos de apoio, artigos, aplicativos, linhas de ajuda e profissionais de saúde mental prontos para acompanhar você em cada etapa.
Você também pode ajudar na recuperação adotando um estilo de vida equilibrado, consciente e descansando bem, praticando exercícios e se alimentando com comidas nutritivas.
Ao lidar com o TEPT, seja paciente consigo mesmo e com quem está ao seu redor. O tempo de recuperação varia para cada pessoa, mas você já está no caminho certo.
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