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Por Thomas

O Caminho da Regeneração: como reverter a crise ambiental e humana

Coluna Papo Verde Por Dani Fumachi e Denise Moraes

Por Thomas

Nas colunas anteriores desta série, discutimos como a crise ambiental é, antes de tudo, uma crise humana. O desmatamento, a poluição e o esgotamento dos recursos naturais não são apenas falhas sistêmicas; são sintomas de uma desconexão estrutural entre sociedade e natureza. Essa ruptura compromete não apenas a biodiversidade e a estabilidade climática, mas também a saúde física, mental e emocional das pessoas. Agora, é hora de avançar para a soluções mais concretas.

Reduzir não é mais suficiente: é preciso regenerar

Durante décadas, acreditamos que o caminho para superar os desafios ambientais estava no famoso tripé: reduzir, reutilizar e reciclar. Essas ações continuam sendo essenciais, mas são insuficientes diante da escala da degradação ambiental. O planeta já perdeu 69% de sua biodiversidade desde 1970, segundo o Living Planet Report 2022, do WWF. Em muitos casos, simplesmente frear os danos não basta – precisamos restaurar o que foi perdido.

A regeneração ambiental vai além do reflorestamento ou da recuperação de áreas degradadas. Ela exige uma mudança de paradigma: abandonar o modelo extrativista e adotar um modelo regenerativo, onde cada ação humana não apenas reduz impactos, mas reverte danos e gera benefícios para os ecossistemas.

A regeneração começa na mente e no corpo

Quando entendemos que a exaustão do planeta reflete nossa própria exaustão, fica claro que a regeneração precisa ser holística: regeneramos a terra, regeneramos nossos ciclos de vida, regeneramos a forma como nos relacionamos com o tempo e com o trabalho.

Segundo a psicanalista e terapeuta Denise Moraes, é comum encontrar pessoas com depressão vivendo isoladas, em ambientes absolutamente insalubres. Isso acontece devido ao estado de humor deprimido, no qual o indivíduo não consegue mais realizar tarefas básicas, como tomar banho, cuidar do lixo e da casa, ou trabalhar e estudar.

É importante ressaltar que uma das orientações dos especialistas para combater ou evitar que o estresse evolua para um quadro de depressão é reservar tempo para atividades prazerosas, preferencialmente ao ar livre. Mas, para isso, é preciso que a sociedade preserve e cuide dos espaços verdes, não só pela relevância no equilíbrio ambiental, mas também com foco em melhorar a saúde mental da população.

Para Denise, não há dúvidas de que a degradação ambiental, somada ao distanciamento do ser humano da natureza, é uma das razões para o elevado número de casos de depressão no mundo. É preciso reeducar a sociedade quanto ao seu papel na preservação ambiental, mas também quanto à importância da natureza para a manutenção da saúde humana.

Educação ambiental além das salas de aula

Nenhuma transição será possível sem educação ambiental – mas ela precisa ir muito além do ensino formal. A regeneração deve permear todos os espaços: mercados, hospitais, empresas, praças, feiras, fábricas, comunidades. A consciência ecológica precisa ser um valor fundamental, embutido em cada decisão cotidiana.

E essa transformação não acontece apenas por meio de grandes projetos governamentais ou ONGs. A regeneração começa no cotidiano: na escolha dos produtos que consumimos, na forma como descartamos resíduos, no incentivo à agroecologia, na maneira como planejamos cidades e ocupamos territórios.

Combate à desinformação: um passo essencial

Nenhuma mudança significativa pode acontecer sem informação de qualidade. A desinformação ambiental – impulsionada por interesses econômicos, fake news e narrativas distorcidas – compromete o avanço de soluções reais para a crise climática. De teorias negacionistas que minimizam o aquecimento global a discursos que desacreditam a eficácia de práticas regenerativas, a desinformação gera apatia, polarização e retarda ações essenciais.

O combate a esse problema exige um esforço coletivo para levar informação confiável para escolas, empresas e redes sociais, garantindo que decisões sejam tomadas com base em evidências. Consultar fontes oficiais, instituições científicas e especialistas antes de compartilhar informações sobre meio ambiente e sustentabilidade. Cobrar plataformas digitais por políticas mais rigorosas contra a disseminação de fake news ambientais. Fortalecer o jornalismo ambiental e apoiar veículos de comunicação comprometidos com a verdade.

A regeneração do planeta passa também pela regeneração da informação. Somente quando baseamos nossas decisões em conhecimento sólido conseguimos construir um futuro sustentável de forma coletiva e eficaz.

O papel do indivíduo neste ciclo de recuperação

Segundo a OMS, a depressão já pode ser considerada uma epidemia silenciosa, e o quadro piorou após a pandemia de COVID-19, efeito do isolamento social e das sequelas cerebrais causadas pela doença.

A sociedade está oficialmente doente, e o impacto da falta de saúde mental e emocional tem gerado grande preocupação mundial. Governos têm investido em políticas públicas para sensibilização e promoção da saúde mental, mas é fato que as ações, apesar de muito relevantes, não têm poder para sanar o problema.

A razão disso é que, ao contrário de outras enfermidades, não há vacina que evite uma doença psicológica, e as medicações apenas controlam os sintomas, mas não curam a doença.

O controle da ansiedade e do estresse está diretamente ligado ao estilo de vida e ao autocuidado, e isso depende do indivíduo. Por outro lado, é preciso que a pessoa tenha acesso a ambientes mais saudáveis e também que cuide do meio, reciclando, plantando, mantendo áreas verdes e se envolvendo com ações sociais de preservação.

Embora ações individuais sejam essenciais, mudanças estruturais são indispensáveis. A regeneração ambiental exige políticas públicas robustas: investimento em energias renováveis, infraestrutura sustentável, mobilidade verde, proteção de ecossistemas vulneráveis, fomento à agroecologia e restauração ambiental em larga escala. No fim, regenerar o meio ambiente é também regenerar a nós mesmos — a destruição reflete um desequilíbrio profundo, e a mudança real começa na mentalidade.

Não haverá saúde mental enquanto o meio ambiente estiver doente, e não existirá regeneração ambiental enquanto o homem não se reeducar quanto ao seu papel e lugar no planeta, compreendendo-se como parte da Natureza.

O Caminho da Regeneração: como reverter a crise ambiental e humana

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