Jornal de Itatiba Portal de notícias de Itatiba

Menu
Notícias
Por Thomas

Negacionismo Ambiental: uma realidade ignorada pelo mundo

Coluna Papo Verde com Dani Fumachi

Por Thomas

Nosso planeta está em um momento crítico. À medida que as mudanças climáticas aceleram, o impacto humano se revela cada vez mais desastroso. No entanto, apesar de décadas de ciência robusta e de evidências incontestáveis, o negacionismo ambiental ainda persiste e, em alguns lugares, ganha força. O negacionismo ambiental não é apenas uma falta de compreensão; é uma escolha deliberada de ignorar ou desinformar. Este artigo busca explorar as raízes do negacionismo e seus efeitos devastadores.

A Ciência Ignorada

A ciência climática vem alertando sobre as consequências das emissões de gases de efeito estufa há mais de 50 anos. Em 1979, o relatório Charney do National Research Council dos Estados Unidos foi um dos primeiros documentos a afirmar que o aumento de CO₂ causaria o aquecimento global. Desde então, milhares de estudos, de cientistas de todas as partes do mundo, vêm comprovando que o aquecimento global é real, acelerado por atividades humanas, e perigoso.

O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) é uma das instituições mais respeitadas em relação ao tema, e seu último relatório de 2023 confirmou que a temperatura global já aumentou em 1,1°C desde a era pré-industrial. O aquecimento global intensifica eventos climáticos extremos, desde secas prolongadas até ondas de calor, incêndios florestais e furacões de alta intensidade. Negar essas evidências é negar os dados que cientistas vêm coletando por décadas, bem como as realidades que já estamos enfrentando em várias partes do mundo.

Raízes do Negacionismo Ambiental

O negacionismo ambiental não é um acidente. Frequentemente, ele é incentivado por grupos com interesses econômicos, principalmente as indústrias de combustíveis fósseis, que veem ameaçadas suas fontes de lucro. Esses setores gastam bilhões em campanhas de desinformação, tentando criar uma falsa dúvida sobre o consenso científico. É importante lembrar que, no mundo acadêmico, há mais de 97% de concordância sobre o papel humano no aquecimento global. Mesmo assim, a propaganda desses grupos leva parte do público a acreditar que o tema é “controverso” ou “incerto”.

Políticos conservadores em diversas partes do mundo também apoiam o negacionismo, muitas vezes por influência desses mesmos grupos econômicos ou para não comprometer a “economia” a curto prazo. Esse negacionismo político tem consequências graves: políticas de preservação ambiental são ignoradas, metas de redução de carbono são constantemente descumpridas e, em alguns casos, legislações ambientais já conquistadas são desfeitas.

A Realidade dos Impactos

A mudança climática já afeta diretamente a saúde, a segurança alimentar e a disponibilidade de água para bilhões de pessoas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 2030 e 2050, espera-se que as mudanças climáticas causem cerca de 250 mil mortes adicionais por ano, devido a desnutrição, malária, diarreia e estresse térmico. Nos países mais vulneráveis, a falta de ação é uma sentença de morte.

Além disso, o degelo das calotas polares e o aumento do nível do mar são ameaças existenciais para países insulares e regiões costeiras. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) estima que o nível do mar pode aumentar entre 0,6 e 1,1 metros até 2100, o que poderia forçar milhões de pessoas a abandonarem suas casas.

Outro dado alarmante é o efeito do aquecimento global sobre a biodiversidade. Cientistas alertam que estamos entrando em uma “sexta extinção em massa,” com taxas de extinção mil vezes maiores do que a média histórica. Mais de um milhão de espécies estão ameaçadas de extinção devido à perda de habitat, poluição e mudanças climáticas, o que afeta diretamente os ecossistemas dos quais dependemos para alimentos, água e ar limpo.

Consequências para as Futuras Gerações

Negar as mudanças climáticas é roubar das futuras gerações seu direito a um planeta habitável. Jovens de todo o mundo, como eu e tantos outros, veem nosso futuro ser comprometido por inação e ganância. A cada ano que passa sem ação decisiva, a janela para evitar os piores impactos se estreita ainda mais. As emissões de CO₂ devem ser reduzidas em 45% até 2030 para evitar um aumento de temperatura acima de 1,5°C – um limite considerado “seguro” pelos cientistas. Contudo, em 2022, as emissões globais de CO₂ atingiram o recorde de 36,8 bilhões de toneladas.

A Urgência da Ação

Precisamos exigir que nossos líderes e representantes governamentais atuem de maneira enérgica e transparente na luta contra as mudanças climáticas. Devemos pressionar por leis que reduzam drasticamente as emissões de gases de efeito estufa, incentivem o uso de energia renovável e protejam as florestas e oceanos, que são nossos maiores aliados naturais. É fundamental apoiar políticas de adaptação para comunidades vulneráveis e promover uma transição justa para trabalhadores das indústrias de combustíveis fósseis.

COP29: Esperança e Responsabilidade Compartilhada

A Conferência das Partes (COP29), que acontece de 11 a 22 de novembro em Baku, representa um marco importante na luta contra o negacionismo ambiental e na busca por justiça climática. O principal objetivo da COP29 é assegurar que países industrializados aumentem as ajudas financeiras para as nações mais vulneráveis diante das mudanças climáticas. Essas ajudas são essenciais para que os países em desenvolvimento possam implementar medidas de adaptação e mitigação, protegendo suas populações dos impactos crescentes do clima.

O compromisso dos países ricos em financiar a adaptação climática é uma responsabilidade compartilhada que, se cumprida, demonstrará ao mundo que o futuro do planeta é uma prioridade comum. Sem esse apoio, nações vulneráveis serão deixadas para enfrentar sozinhas uma crise que mal tiveram tempo de criar. A COP29 é, portanto, um momento decisivo: é hora de transformar palavras em ações concretas e mostrar que o mundo é capaz de se unir pela sobrevivência de todos.

O negacionismo ambiental é uma ameaça não apenas à ciência, mas à nossa própria existência. Os dados estão aí, os cientistas fizeram seu trabalho. O que nos resta agora é agir – de forma urgente e implacável. Que cada um de nós seja a mudança que quer ver no mundo. Se o negacionismo se mantém em pé, é porque, de algum modo, nós deixamos.

Que a nossa resposta ao negacionismo seja firme e determinada. Afinal, lutar pelo meio ambiente é lutar pelo futuro de todos nós.

Negacionismo Ambiental: uma realidade ignorada pelo mundo

tópicos

Não conseguimos enviar seu e-mail, por favor entre em contato pelo e-mail

Entendi

Nós usamos cookies

Eles são usados para aprimorar a sua experiência. Ao fechar este banner ou continuar na página, você concorda com o uso de cookies. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.

Aceitar todos os cookies