Mãe critica libertação do suspeito de estuprar sua filha e lamenta julgamento das redes
O suspeito foi solto pela Justiça durante audiência de custódia e nega parcialmente o crime; a família teme que ele possa querer fazer mais mal à jovem
Por Fábio Estevam
O homem de 20 anos, preso suspeito de estuprar uma adolescente de 14, durante o último bloco carnavalesco de Jundiaí, na passarela do samba da Cidade Administrativa, na noite de terça-feira (21), foi solto nesta quarta-feira (22), durante audiência de custódia, e vai responder pelo crime em liberdade. A soltura revoltou a família da vítima, que teme pela sua vida, inclusive porque, segundo ela, o suspeito chegou a jurá-la de morte caso ela gritasse durante o ato. "A Justiça nos concedeu Medida Protetiva para que ele (suspeito) tenha que ficar a pelo menos 500 metros de distância da minha filha e de nós. Mas essa medida não nos conforta, porque não o impede, de fato, de ele se aproximar dela", disse a mãe da jovem, que procurou o Jornal de Jundiaí para falar de sua indignação, tanto com a Justiça, quanto com pessoas que, nas redes sociais, estão 'desqualificando' a denúncia de estupro. "As pessoas estão desconfiando. Gente, minha filha foi estuprada", comentou.
A mãe segue. "Nós temos uma barraca de alimentação e trabalhamos neste Carnaval. Neste dia (da ocorrência), levamos minha filha, junto, porque ela é criança e não poderíamos deixá-la em casa, sozinha à noite. Ela estava no carro, quando foi atacada. Estava brincando com um joguinho no celular, tanto que encontramos o aparelho no veículo, com o jogo aberto", esbravejou a mãe. "De acordo com minha filha, ela até travou as portas do carro, só que a de trás permaneceu aberta, sem que ela percebesse. Tanto é que ele entrou pela porta de trás e pulou para o banco da frente, onde ela estava. Olha o trabalho que ele teve para entrar, ela não quis nada daquilo, como algumas pessoas estão dizendo", salientou a mãe.
Ainda de acordo com o que a filha contou a ela (como consta no Boletim de Ocorrência), e também durante escuta especializada realizada nesta quinta-feira (23), "ele logo começou a beijá-la e a passar as mãos com força nas genitálias dela, inclusive introduzindo os dedos na vagina. Nesse momento ele tapou a boca dela e apertou o pescoço, dizendo que a mataria se ela reagisse. E ainda a agrediu batendo a cabeça dela contra a porta", contou a mãe.
O exame no Instituto Médico Legal, feito na quarta-feira, não acusou hematomas nas regiões íntimas, segundo a mãe. No entanto, a cabeça não havia sido avaliada, já que uma mancha resultado da pancada não aparecia, por causa do cabelo que cobria. "Hoje nós conseguimos uma nova guia para exame no IML para que seja avaliada essa mancha na cabeça, também. Porque ela foi agredida e esse hematoma prova isso."
No Boletim de Ocorrência consta que o suspeito confessou parcialmente as agressões sexuais, alegando que, inicialmente a vítima teria consentido, mas se arrependido em seguida, tendo ele então continuado o ato de forma forçada.
RELEMBRE O CASO
De acordo com o guarda municipal Felipe Daniel, que, ao lado do GM Furtado, compunha uma das equipes que faziam a segurança dos foliões no evento, eles estavam estacionados em um dos pontos do local, quando um homem (padrasto da vítima), desesperado, chegou pedindo ajuda. "Ele estava nervoso, informando que um rapaz havia estuprado sua enteada. Ele nos contou que a enteada estava no carro da família, descansando - enquanto os pais trabalhavam como ambulantes -, quando o criminoso a viu, abriu a porta e invadiu o veículo, partindo para cima dela.
Os guardas colheram informações das características físicas e de vestes do criminoso e repassaram a todas as equipes que estavam trabalhando no evento. "Foi montado um cerco, afunilando pela multidão, até que conseguimos deter um suspeito. Ele estava se divertindo, brincando no meio do pessoal, cerca de 20 metros do local do possível crime", contou Felipe Daniel.
A mãe da vítima contou ao JJ que ele foi preso, aparentemente, enquanto voltava para o carro. "Acreditamos que ele estava voltando para novamente estuprá-la."
O suspeito foi detido com uma porção de maconha e existe a suspeita de que ele já estava sob efeito de entorpecente. No momento da detenção, muitos foliões já estavam sabendo do crime ocorrido, uma vez que a vítima já havia sido vista e estava sendo consolada pela família e conhecidos. "Nós tivemos que algemá-lo imediatamente para que ele não fosse linchado. As pessoas estavam inflamadas, já sabendo o que havia ocorrido. O colocamos na viatura e deixamos o local imediatamente, enquanto várias outras equipes nos davam apoio."
A vítima foi levada pela família ao Hospital Universitário (HU), acompanhada de uma viatura da Guarda Municipal, e passou por exames. Já o suspeito, que não tem passagens policiais, foi conduzido ao Plantão Policial e confessou parcialmente a versão da vítima.
* com informações do Jornal de Jundiaí
