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Por Roberto

Lula e Bolsonaro trocam acusações em primeiro debate do 2º turno

Apesar das falas duras, o clima foi no geral moderado, com ambos mantendo o tom de voz baixo e esboçando sorrisos irônicos

Por Roberto

Foto: Reproduição/Correio Braziliense

Discussões e troca de acusações marcaram o primeiro debate do segundo turno das Eleições deste ano, na noite deste domingo (16), entre os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição. Lula focou na pandemia, no sigilo de 100 anos das informações do atual governo e em suas realizações quando presidente. Bolsonaro insistiu no escândalo na Petrobras e em chamar o ex-presidente petista de “mentiroso” e “ladrão”. O debate foi uma parceria entre a TV Band, TV Cultura, UOL e jornal Folha de S.Paulo.

Lula reforçou mensagens para atacar a incompetência do rival e má gestão na pandemia da covid-19 e na economia, enquanto Bolsonaro insistiu na estratégia de vincular o petista à corrupção. O ex-presidente repetiu críticas à Operação Lava Jato, que o levou à prisão – suas condenações foram depois anuladas.

Apesar das falas duras, o clima foi no geral moderado, com ambos mantendo o tom de voz baixo, esboçando sorrisos irônicos e se movimentando em direção às câmeras para conversar com os eleitores.

A estratégia deflagrada pelo PT horas antes do debate de vincular Bolsonaro a pedofilia, após a fala de que "pintou um clima" com "menininhas de 14 e 15 anos", foi diluída no debate depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) impediu a candidatura de continuar fazendo tal associação.

Bolsonaro afirmou que Lula e aliados são "especialistas em pegar vídeos" e cortar trechos para atacá-lo, em referência indireta ao caso da fala usada no fim de semana contra o presidente. O petista riu e rebateu, dizendo que é o lado do presidente que adota essa linha e “distribui fake news”.

Lula também aludiu ao episódio ao lembrar que o rival fez uma live na madrugada deste domingo (16) para se explicar sobre a fala. Foi Bolsonaro quem levou o assunto explicitamente ao palco para acusar a campanha petista de mentir. Ele chegou a ler trechos da decisão do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, com quem antagoniza.

A decisão fala em "conteúdo sabidamente inverídico". O presidente afirmou que Lula tenta atingi-lo "no que eu tenho mais de sagrado, defesa das famílias e das crianças". O petista usou no terno um broche da campanha Faça Bonito, de combate à violência sexual contra crianças e adolescentes.

No debate sobre desinformação, Lula relembrou disputas eleitorais passadas. "O nível era outro, era um nível civilizado. A verdade sempre prevalecia. A gente debatia o futuro do país", afirmou. "Mentiroso é você. Você mente todo dia", disse o petista com o dedo em riste na direção do oponente, a certa altura, prometendo fazer um governo com credibilidade, caso eleito.

Em desvantagem no Nordeste, o candidato à reeleição tentou desgastar Lula com o eleitorado da região com críticas ao petista por não ter finalizado a transposição do rio São Francisco. "O senhor promete o tempo todo. O senhor prometeu levar água para o Nordeste e agora está prometendo picanha e cerveja. O senhor não fica vermelho com essas propostas mirabolantemente mentirosas?", questionou o presidente.

 
Lula ironizou "a cara de pau desse cara" ao rebater a fala de Bolsonaro de que ele não entregou a transposição. O petista disse que a maior parte das obras (88%) foi feita nas gestões do PT, que iniciaram o projeto. "Você acha que o nordestino que está vendo a gente na televisão acredita que você levou a água?", disse, dirigindo-se ao rival. “A grande verdade: o senhor não fez nada pelo Brasil, a não ser transpor dinheiro público para o seu bolso e dos seus amigos", afirmou o presidente, por sua vez.

O petista explorou o descaso de Bolsonaro com a pandemia. O ex-presidente indagou se o rival “não carrega nas costas um pouco do sofrimento dos brasileiros” por ter atrasado a compra de vacinas contra a Covid. "Não quis comprar porque não acreditava", disse. Bolsonaro argumentou que não havia vacinas disponíveis inicialmente e lembrou que seu governo comprou mais de 500 milhões de doses. "O Brasil foi um dos países que mais vacinaram no mundo e iniciou a vacinação mais rápido", disse, ignorando os atrasos no processo.

O presidente introduziu um debate sobre segurança pública e a transferência de líderes da facção criminosa PCC, como Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. Bolsonaro buscou vincular o adversário ao PCC, perguntando se governos petistas não transferiram presos do grupo por "simpatia". "Tem relação com miliciano, ele sabe que não sou eu", respondeu Lula, citando ter entregue cinco presídios de segurança máxima. "Eu acho que a mentira aqui não é minha", disse o petista.

Bolsonaro insinuou que o ex-presidente tem "amizade com bandido", reforçando narrativa que dominou redes bolsonaristas nos últimos dias de que o petista teria feito campanha no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, após acordo com líderes criminosos locais.

"Eu sou o único candidato a presidente da República que tem coragem de entrar numa favela sem colete de segurança", disse o petista, dizendo que "o Bolsonaro é amigo dos milicianos". O ex-presidente negou relação com criminosos do Alemão e disse que ali moram trabalhadores e pais e mães de família.

Os dois postulantes evitaram se comprometer efetivamente com o combate a notícias falsas, após pergunta sobre o baixo nível da campanha no segundo turno. As duas campanhas tiveram conteúdos removidos por ordem da Justiça Eleitoral. Lula relembrou disputas eleitorais passadas, antes de Bolsonaro.

 
Em pergunta sobre as emendas de relator no Congresso Nacional, apelidadas de orçamento secreto, Bolsonaro afirmou ter vetado a medida e listou 13 deputados do PT que receberam a verba. "Eu não tenho nada a ver com o orçamento secreto. [...] Eu faria melhor uso", disse. "Eu vou tentar confrontar o orçamento secreto e criar um orçamento participativo", rebateu Lula. "Para ver se a gente consegue diminuir o poder de sequestro do centrão", completou.

Questionado sobre a insinuação de que trabalharia, caso reeleito, pelo aumento do número de ministros do STF, Bolsonaro negou concordar com a proposta e ouviu Lula criticar a ideia e relacioná-la ao regime de exceção da ditadura militar (1964-1985).

"Já tivemos experiência na ditadura de mudar a Suprema Corte.... Não é democrático um presidente da República querer ter ministros da Suprema Corte como amigos", disse Lula, acrescentando que os indicados ao STF têm que ter história e biografia. Para ele, mudar a composição seria "um retrocesso que a República brasileira já conhece". "Da minha parte está feito o compromisso. Não terá nenhuma proposta, nunca estudei isso com profundidade", disse Bolsonaro enquanto negava a intenção de propor PEC (proposta de emenda à Constituição) sobre o tema. Uma eventual alteração teria que ser discutida e aprovada no Congresso, mas a questão esbarra em cláusula pétrea da Carta Magna.

 
Os dois candidatos se desentenderam ao discutirem temas como desmatamento e educação, com guerra de dados. O ex-presidente exaltou feitos de sua gestão e o atual mandatário tentou desmenti-lo.

Segundo pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira (14), Lula se mantém à frente na disputa, com 49% dos votos totais, ante 44% do atual ocupante do Planalto.

Nas considerações finais, Bolsonaro disse que defende a liberdade de expressão e a família, que é cristão como 90% da população brasileira e que é contra o aborto e as drogas. Já Lula afirmou que foi ele quem sancionou a lei da liberdade religiosa, chamou o presidente de “ditadorzinho” que quer ocupar a Suprema Corte e que vai governar para tirar a população da extrema pobreza.

* com informações da Folhapress e Jornal de Jundiaí

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