Inquérito arquivado em 2018 é reaberto após exame de DNA indicar autor de estupro
Esclarecimento do caso aconteceu após coleta de material genético realizado pelo Núcleo de Biologia e Bioquímica do Instituto de Criminalística

Foto: SSP - SP
Exames de DNA fizeram com que a Polícia Civil reabrisse um inquérito policial arquivado em 2018 por falta de provas. Na época, uma mulher foi vítima de estupro próximo de um ponto de ônibus em Francisco Morato, na Grande São Paulo. O suspeito fugiu após o crime.
A vítima foi encaminhada ao Instituto Médico Legal, onde passou por exames periciais que constataram a presença de material genético masculino, mas sem determinar a autoria. Durante as buscas na época, os investigadores não encontraram outros indícios que ajudasse a identificar o criminoso.
O exame realizado na vítima, que continha o DNA do autor do estupro, foi cadastrado no Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG). Recentemente, esse material foi comparado com o perfil genético extraído de um homem que estava preso acusado de outro crime.
Quando o material genético do suspeito foi cadastrado no BNPG, o software logo indicou que o mesmo DNA havia sido encontrado em duas vítimas de estupro. Uma delas era a mulher atacada em 2018.
Reabertura do inquérito
As equipes do núcleo emitiram um laudo com os indícios e encaminharam à Delegacia de Defesa da Mulher de Francisco Morato, onde o crime foi registrado na época. Com as evidências, a Polícia Civil solicitou o desarquivamento ao Poder Judiciário.
Segundo o delegado Bruno Rafael Filhiolino, responsável pelo caso, foi elaborado um relatório final, já com o indiciamento, pedindo a prisão do homem, que já estava detido na Penitenciária de Lucélia, no interior do estado, pelo outro crime de estupro.
“Agora, deve haver um novo processo e, como essa prova é muito forte, provavelmente ele terá uma condenação maior”, afirmou o delegado.
Respostas às vítimas
A localização do suspeito só foi possível porque, desde 2019 — com exceção no período da pandemia —, o Núcleo de Biologia e Bioquímica, subordinado ao Instituto de Criminalística (IC) de São Paulo, realiza mutirões para coletar materiais genéticos de condenados por crimes sexuais ou violentos.
“Os mutirões de coletas nas penitenciárias começaram a partir de 2019. O número de presos é muito grande, então não conseguimos tudo de uma vez, mas coletamos tanto daqueles que estão há anos detidos, quanto dos que acabaram de chegar. Depois, cadastramos esses DNAs no banco de dados”, explicou Ana Claudia Pacheco, perita criminal e diretora do Núcleo de Biologia e Bioquímica.
Para a perita, o Núcleo de Biologia e Bioquímica faz muito mais do que análises ou comparação de exames, mas auxilia a dar “respostas às vítimas, mesmo depois de anos do trauma”. “A gente espera um dia terminar todos esses casos mais antigos para focar nos atuais. Mas, de qualquer forma, qualquer crime que a gente ajuda a esclarecer já é um passo enorme”, disse. “Quanto mais o Banco de Materiais Genéticos é alimentado, maiores são os resultados”, completou.