Indústria impulsiona geração de empregos na RMC em 2024
Foto: Marcello Casal Jr
A indústria na Região Metropolitana de Campinas (RMC) registrou uma forte recuperação na geração de empregos em 2024, com a criação de 7.782 vagas no período de janeiro a julho, segundo dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. Esse crescimento representa um aumento de 197,82% em relação aos 2.613 empregos gerados pelo setor em todo o ano de 2023. O desempenho do setor nos primeiros sete meses de 2024 também superou as 6.881 vagas criadas durante os 12 meses de 2022, sendo inferior apenas aos 12.287 postos de trabalho gerados em 2021, um ano atípico devido à recuperação pós-pandemia.
A economista Eliane Navarro Rosandiski, do Observatório PUC-Campinas, destacou que os dados de 2021 foram influenciados pela expansão da base de dados do Novo Caged, que passou a incluir não apenas os contratos de trabalho permanentes, mas também os temporários, registrados no e-Social e outras fontes. "Agora que a base de dados está mais ajustada, podemos avaliar o desempenho da indústria de forma mais precisa", afirmou.
Em julho de 2024, a indústria criou 1.808 novos postos de trabalho na RMC, o segundo melhor desempenho do ano, atrás apenas de janeiro, que registrou 1.842 vagas. O saldo positivo foi observado em seis dos sete primeiros meses do ano, com uma leve queda em junho, quando houve 5 demissões a mais do que admissões, o que ainda refletiu estabilidade.
O setor industrial foi responsável por cerca de 33,72% das 5.362 vagas formais geradas em julho na RMC, ficando atrás apenas do setor de serviços. Dos cinco setores analisados, quatro apresentaram saldos positivos: serviços (1.841 vagas), construção civil (963) e comércio (844). A agropecuária foi o único setor com saldo negativo, com 94 empregos fechados.
Reflexos na economia local
Eliane Rosandiski também ressaltou que a indústria, por pagar salários médios mais altos, tem um impacto positivo em outros setores, como o comércio. "Com salários mais elevados, há um aumento da demanda no comércio da região, o que gera um ciclo virtuoso de crescimento econômico", explicou a economista.
Desempenho dos municípios
Entre os 20 municípios da RMC, apenas dois apresentaram saldos negativos na geração de empregos em julho: Sumaré, com o fechamento de 314 vagas, e Holambra, com 19 vagas a menos. Em Sumaré, as demissões no setor de serviços (490) e construção civil (116) foram determinantes para o resultado. Já em Holambra, a construção civil e o comércio tiveram saldos positivos, mas o setor de serviços registrou 44 dispensas.
Campinas, por outro lado, liderou a criação de empregos, com 2.746 novas vagas, principalmente no setor de serviços (1.556). Outros municípios que se destacaram foram Paulínia (755), Indaiatuba (479), Americana (278) e Monte Mor (258).
Em Itatiba, o saldo de empregos foi de 142 vagas em julho, impulsionado pelos setores de serviços (127) e indústria (100). Entretanto, o comércio e a construção civil fecharam com saldos negativos, registrando -22 e -63 vagas, respectivamente.
Morungaba também apresentou um saldo positivo de 23 empregos no mês, com a indústria criando 39 vagas e o comércio 1, enquanto os serviços registraram uma queda de 17 empregos.
A economista alertou para possíveis desafios no cenário macroeconômico, como a alta do dólar, fatores climáticos e a elevação dos juros, que podem impactar negativamente a geração de empregos nos próximos meses. Contudo, o controle da inflação e os investimentos anunciados mantêm as expectativas de crescimento do PIB acima das previsões iniciais para 2024.