Fim do home office? Movimento de volta ao presencial tem crescido no mundo corporativo
Empresas como Amazon decretaram fim do trabalho remoto para seus funcionários; entenda o impacto desta nova tendência

Foto: iStock/ FG Trade
Modelo de trabalho que ganhou muita força durante a pandemia de 2019, o home office, ou teletrabalho, é aquele no qual o trabalhador realiza suas atividades de casa ou de onde estiver. Logo, virou objeto de desejo de muitos profissionais. A possibilidade de trabalhar remotamente, sem precisar enfrentar trânsito ou transporte público lotado, é um dos principais fatores para ser preferido entre os profissionais.
Poder estar em um ambiente que não seja corporativo e perto da família, por exemplo, é outro fator que deixa os trabalhadores mais satisfeitos. Pautado em produtividade, provou-se eficaz: estudos apontam que trabalhadores produzem até 13% mais do que no escritório. Hoje, cerca de um terço das empresas operam com o modelo.
A volta para o presencial
Contudo, há indícios de que o movimento de volta aos escritórios está acontecendo. Afinal, mesmo se provando tão ou mais produtivo que o presencial, o home office ainda suscita desconfianças no mundo corporativo. Uma semana completa de teletrabalho tem se tornado cada vez menos comum. Tem-se, então, o chamado modelo híbrido, que mescla presencial com remoto.
Hoje, muitas empresas têm exigido que os trabalhadores compareçam ao menos um dia no presencial, enquanto outras vão além. A Amazon foi uma das empresas que decretaram o fim do home office. No Brasil, as oportunidades de teletrabalho já começaram a cair, segundo plataformas de recrutamento e admissão, e o modelo híbrido tem superado o 100% remoto nas estatísticas de vagas.
Pesquisa da empresa de benefícios Swile vai de encontro a esta realidade. O levantamento indicou um aumento de mais de 200% na concessão de auxílio-combustível e de cerca de 75% em auxílio-mobilidade pelas empresas – um indicativo de que o trabalho presencial está realmente voltando a ser o comum.
Eliane Ramos, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos, em entrevista ao portal G1, aponta a insegurança quanto à produtividade como principal motivo citado pelas empresas para demandar a volta do presencial. Problemas com liderança, cultura organizacional e até mesmo excesso de reuniões virtuais são apontados como outras causas.
Trabalhos mais criativos também se beneficiam do presencial, uma vez que muitas ideias surgem espontaneamente, através da troca de conversas. Por conta disso, muitas empresas que atuam em ramos como design, publicidade e audiovisual, por exemplo, acabam preferindo o trabalho em equipe de maneira física, ao invés de virtual.
Impactos da volta ao presencial
A volta ao presencial também acaba impactando o recrutamento de profissionais, algo bastante sentido pelos departamentos de RH. Pesquisa da empresa de soluções para RH e contratações Deel mostra que mais da metade dos entrevistados que trabalham presencialmente gostariam de migrar para o modelo remoto ou ao menos híbrido. Logo, vagas presenciais acabam não chamando a atenção de muitos talentos nem retendo os que a empresa já possui.
Por conta disso, as empresas precisam buscar outras soluções, afinal, a flexibilidade é por vezes escolhida em detrimento do salário ou da proposta. Assim, é importante oferecer benefícios que vão além, como cartão vale-alimentação – o qual os trabalhadores de home office também têm direito –, auxílio-creche, planos de saúde, além de oportunidades de crescimento na carreira.