Custo de novas terapias para obesidade desafia o SUS
Crescimento da obesidade, avanço das terapias inovadoras e pressão orçamentária colocam o tema no centro do debate da saúde pública brasileira
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O debate sobre o custo das terapias obesidade entrou definitivamente na agenda da saúde pública. Com o avanço de medicamentos inovadores e mais eficazes no controle de obesidade e diabetes, gestores do SUS enfrentam um desafio crescente: equilibrar o acesso às novas tecnologias e o orçamento limitado de um sistema universal. De acordo com matéria da CNN Brasil, terapias de última geração têm apresentado resultados clínicos expressivos, mas com valores que tornam sua incorporação extremamente complexa.
O Brasil vive hoje um cenário em que obesidade e diabetes atingem proporções epidêmicas, ampliando a demanda por tratamentos capazes de reduzir complicações graves, internações e procedimentos de alto custo. Segundo reportagem do G1, esse crescimento pressiona cada vez mais o sistema público, que já convive com recursos escassos e necessidade de priorização constante.
O cenário de obesidade e diabetes na saúde pública
A obesidade é uma das condições que mais aumentaram no Brasil nos últimos anos. Notas técnicas divulgadas por órgãos oficiais mostram crescimento contínuo da prevalência da doença em diversas faixas etárias. Esse aumento é acompanhado por elevação nos diagnósticos de diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares, um conjunto de condições que representa grande parte do orçamento hospitalar do SUS.
Reportagem do G1 destaca que a pressão causada por essas doenças não é apenas epidemiológica, mas também financeira: quanto mais comum a obesidade se torna, maior a demanda por tratamentos prolongados e pela prevenção de complicações. A necessidade de alternativas eficazes se torna, portanto, uma questão de saúde pública e economia da saúde.
Mas incorporar terapias inovadoras é desafiador. A maior parte da população depende exclusivamente do sistema público, e a escala de atendimento é determinante. Qualquer nova tecnologia precisa ser viável para milhões de pacientes potenciais, o que exige rigor técnico na avaliação do impacto orçamentário.
A chegada de novas terapias e a aprovação regulatória
De acordo com matéria da CNN Brasil, as novas moléculas voltadas para o tratamento da obesidade apresentam resultados superiores aos métodos anteriores, com reduções significativas de peso e melhora em indicadores metabólicos. Entretanto, essas terapias chegam ao mercado com valores elevados, o que limita a adoção em sistemas públicos como o SUS.
A aprovação feita pela Anvisa garante segurança e eficácia para uso na rede privada. Porém, como explica reportagem do G1, a incorporação no SUS depende de outro processo: a avaliação da Conitec, que analisa impacto econômico, evidências científicas e custo-efetividade.
Em nota institucional, a Conitec reforça que a adoção de novas tecnologias exige análise técnica detalhada, especialmente quando a prevalência da doença é alta, como no caso da obesidade. Um tratamento de alto custo pode, sozinho, consumir grande parte do orçamento anual, inviabilizando outras políticas públicas essenciais.
O desafio do custo-efetividade para incorporação no SUS
A economia da saúde utiliza o conceito de custo-efetividade para determinar se um tratamento traz benefício clínico proporcional ao investimento necessário. No caso das terapias para obesidade, o dilema é evidente: o custo inicial é elevado, mas estudos sugerem que o controle adequado da doença poderia reduzir internações, procedimentos cirúrgicos e complicações de longo prazo.
O debate se intensifica quando entram em pauta as novas moléculas com potencial terapêutico elevado. É nesse contexto que aparece o desafio financeiro. Enquanto a Anvisa aprova novas moléculas com resultados promissores, a análise de custo-efetividade para a rede pública é complexa, quando se trata da tirzepatida, valor se torna um ponto central na discussão sobre o acesso da população a esses tratamentos. Em outras palavras, o país enfrenta uma equação difícil: garantir inovação sem comprometer a sustentabilidade do SUS. É um debate técnico, econômico e ético, que deve ganhar cada vez mais relevância à medida que terapias avançadas se tornam mais comuns no mercado.