Com 78,5% das famílias endividadas, brasileiros recorrem ao planejamento para retomar controle financeiro
Com planejamento realista e disciplina, brasileiros endividados encontram caminhos para sair do vermelho e reconstruir a vida financeira

Foto: iStcok/ miniseries
Elaborar um plano de pagamento pode ser o começo de uma nova fase na vida de quem enfrenta dificuldades financeiras. Em vez de lidar com as dívidas no improviso, tomar as rédeas da situação com organização e metas claras faz diferença no bolso e na cabeça.
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 78,5% das famílias brasileiras estavam endividadas em abril de 2024.
O levantamento, feito com 18 mil entrevistas nas capitais e no Distrito Federal, mostra que o cartão de crédito lidera como principal vilão, citado por 87,4% das pessoas. Em seguida, aparecem os carnês (17,2%) e o crédito pessoal (9,8%).
A boa notícia é que dá para mudar este cenário. O primeiro passo é colocar tudo no papel: quanto se deve, para quem, quais os juros e prazos. Com o diagnóstico em mãos, é possível decidir por onde começar – geralmente, o ideal é priorizar as dívidas com juros mais altos ou que estão mais próximas de serem negativadas.
A Caixa Econômica Federal, em sua cartilha de educação financeira, orienta a dividir o orçamento em categorias essenciais, como moradia, transporte e alimentação. A partir daí, é mais fácil enxergar quanto pode ser destinado ao pagamento das dívidas sem comprometer o básico. O mais importante é ser realista: prometer parcelas acima do que se consegue pagar só atrasa ainda mais o processo.
Se a renda mensal estiver muito apertada, buscar alternativas pode ajudar. Trabalhos temporários, venda de itens que não têm mais uso e até a reorganização de gastos do dia a dia são caminhos possíveis.
Outra opção é renegociar as dívidas. Segundo o SPC Brasil, em texto publicado em fevereiro de 2024, é possível conseguir até 90% de desconto em acordos feitos diretamente com os credores, especialmente se o pagamento puder ser feito à vista.
Ter um plano estruturado também ajuda na disciplina. O escritório VR Advogados, que atua com casos de superendividamento, recomenda escrever metas mensais, com valores e prazos bem definidos. Ter esse planejamento à vista ajuda a manter o foco, lidar com imprevistos e acompanhar o avanço da quitação.
A palavra dívida costuma vir carregada de culpa, mas pode ser ressignificada. Em vez de motivo de vergonha, ela pode representar um ponto de virada. Pagar as dívidas é um processo que exige esforço, mas também oferece a chance de reconstruir a relação com o dinheiro e evitar que os mesmos erros se repitam no futuro.