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Por Marcio

Campinas: Polícia Civil investiga interferência criminosa

Moradores são coagidos a apoiar candidatos alinhados à bandidagem

Por Marcio

Policiais civis da 1ª Delegacia Seccional de Campinas investigam traficantes de drogas que estão interferindo no processo eleitoral impedindo com ameaças de morte a realização das campanhas de determinados candidatos em bairros periféricos. De acordo com o delegado Nestor Sampaio Penteado Filho, será apurada também a participação de alguns políticos que, supostamente, teriam encomendado as coações para prejudicar a obtenção de votos de seus concorrentes.

Nos últimos seis dias, alguns candidatos procuraram as autoridades e informaram problemas nos distritos do Campo Grande e Ouro Verde, na região do Campo Belo, e nos bairros Jardim Itatinga e Jardim São Fernando. Denúncias por parte da população, pelo telefone 190 e via WhatsApp (19) 99995-7944, confirmaram as ocorrências. Penteado Filho disse que as queixas são sérias e que a intimidação se estende aos apoiadores dos candidatos, entre eles, moradores das localidades.

De acordo com o delegado, estão proibidas as passeatas, aparições nas feiras livres, pequenos comícios e outras atividades. O aviso dos criminosos é de que, qualquer um que acompanhar ou propagar a campanha do candidato que não está alinhado com eles, será vítima de violência física ou morto.

Com as informações recebidas, a Polícia Civil conseguiu identificar parcialmente alguns autores. Estava agendada para a tarde de ontem, uma reunião entre Penteado Filho, investigadores e agentes do setor de inteligência, para a compilação de todos os dados já levantados. Hoje, deve ser desencadeada a primeira operação in loco. “O fundamento da existência da polícia nesse contexto é garantir que candidatos e eleitores possam participar com tranquilidade do processo democrático”, comentou.

Disse ainda que já foi estabelecido um rumo para as investigações e que o objetivo é confirmar quem são os participantes, o grau de envolvimento deles e como se dão as ações. “Já tenho alguns dados desses indivíduos que teriam feito as ameaças e recebido dinheiro dos candidatos. Se isso for verdade, péssimos políticos. Vamos responsabilizar quem ameaçou, quem foi pago e quem pagou”, enfatizou. “Vamos botar esse povo na cadeia”, acrescentou.

Para não prejudicar o andamento das investigações e garantir a integridade física das pessoas, Penteado Filho não revelou maiores informações quanto a identidade dos autores ou vítimas. Contudo, citou que, no último final de semana, houve casos específicos contra proprietários de um salão de beleza, açougue e padaria. “Felizmente, ainda não ocorreram agressões. Mas, nós sabemos que esse tipo de proceder tende a evoluir. Primeiro, é uma ameaça velada. Depois, concreta. Em seguida, um tapa, soco ou uma janela quebrada em um estabelecimento comercial. Por fim, pode acontecer uma consequência grave. Nas localidades mencionadas e em outros bairros mais afastados, vamos adotar tolerância zero para manter a ordem e a lei”, falou.

Segundo o delegado, é preciso uma vigilância constante para que seja mantida a democracia. Haverá policiamento ostensivo específico para prevenir qualquer ação contrária a prática da livre manifestação política. “Mostraremos a polícia lá dia e noite. Vamos conversar com moradores e comerciantes”.

Penteado Filho garante que, se os indícios contra algum candidato se tornarem provas concretas, tudo será reportado também para a Justiça Eleitoral. “A democracia precisa da coexistência harmônica de propostas diferentes. Não pode haver extremismo, pois leva ao radicalismo, que gera violência. Campinas é uma megalópole, uma cidade progressista que tem tudo: aeroporto, uma malha rodoviária maravilhosa, etc. Não podemos aceitar que aqui exista um coronelismo do Nordeste da década de 20. Não dá!”, encerrou.

Cientista avalia imposição de força como preocupante

Para o cientista político da Faculdade de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Campinas) de Campinas, Vitor Barletta Machado, num contexto de eleições municipais, existe, apesar da propagação por meio das redes sociais ou horário eleitoral nas televisões, uma necessidade grande por parte dos candidatos – e também seus apoiadores - de circularem pelos bairros da cidade em campanha. Principalmente, para os que almejam o cargo de vereador, porque dependem consideravelmente dos votos oriundos da região em que nasceram, cresceram ou trabalham.

Contudo, classifica como bastante preocupante a imposição de força nas comunidades, seja por liderança local ou facções criminosas. Afirma, entretanto, que é complicado opinar sem maiores informações. Entende, por exemplo, que o quadro ficará mais claro quando a Polícia Civil esclarecer a participação de cada um nos lamentáveis fatos – se há ou não conluio entre criminosos e políticos.

Lastima ainda que, após um período sem esse tipo de notícia, ressurgem reportagens sobre o cerceamento da liberdade de expressão dos cidadãos, que precisam ter autonomia para receber as propostas dos postulantes aos cargos públicos e, assim, embasar seus votos.

Fonte - Agência Anhanguera

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