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Beneficência volta a realizar transplantes de medula óssea em Campinas

Por Roberto

Por Isadora Stentzler / Correio Popular

Após mais de dois anos suspensos devido à pandemia de covid-19, os procedimentos de transplante de medula óssea do tipo autólogo, em que as células-tronco são coletadas do próprio paciente, foram retomados no Hospital Beneficência Portuguesa de Campinas. A instituição confirmou o primeiro procedimento realizado após o hiato, feito no dia 21 de novembro. O paciente teve alta nesta semana e o procedimento foi considerado um sucesso. Com a retomada do serviço, pelo menos seis pessoas que já estão na fila de espera serão contempladas.

No dia 8 de outubro deste ano, o Correio Popular já havia adiantado a informação em entrevista com o médico José Francisco Comenalli Marques Junior.
 
De acordo com Vinicius Martins Nascimento, que coordena o serviço no Beneficência, o hospital precisou reservar leitos para atender a demanda de pacientes infectados pela covid-19 durante a pandemia. Agora, uma parceria do hospital com a equipe de Hematologia do Instituto do Sangue permitiu que o serviço fosse retomado.

“A retomada foi possível graças a um esforço de toda a equipe de assistência, além da gestão da própria instituição. Foram feitos ajustes na estrutura física, como a reforma do setor de Transplante de Medula Óssea, renovando e atualizando o espaço para receber os pacientes”, disse a gerente-geral do Hospital Beneficência, Claudete Nogueira.

Segundo ela, a unidade tem estrutura para realizar até quatro transplantes por mês.

Vinicius Martins Nascimento, que além de coordenador do serviço é médico hematologista, apontou que houve um extenso treinamento e readequação de toda a parte de recursos humanos, equipe administrativa e equipe multidisciplinar, que inclui enfermagem, profissionais de nutrição, fisioterapia, odontologia, assistência social, farmácia e psicologia.

Os transplantes estão sendo realizados para usuários de plano de saúde, porém a equipe e o hospital querem disponibilizar a estrutura para o Sistema Único de Saúde (SUS). “Existe demanda e podemos oferecer o tratamento”, afirmou Claudete Nogueira.

No universo da medicina, o transplante de medula óssea é uma conquista extraordinária que oferece esperança e uma segunda chance de vida para pacientes com diversas condições hematológicas. Duas modalidades fundamentais desse procedimento, o autólogo e o alogênico, destacam-se pelos diferentes enfoques e implicações clínicas. No Beneficência, o modelo que prevalece é o dos exames autólogos. Desde 2008, a instituição realizou 106 procedimentos desse tipo.

O transplante autólogo de medula óssea é um procedimento frequentemente utilizado em doenças em que a medula óssea é afetada, mas outras áreas do corpo permanecem saudáveis. Após coletadas, as células-tronco do paciente são armazenadas e, em seguida, o paciente passa por um regime de condicionamento, que pode envolver quimioterapia e/ou radioterapia, para eliminar as células doentes na medula óssea. Posteriormente, as célulastronco autólogas são reintroduzidas no organismo, ajudando a regenerar uma medula óssea saudável.

“O transplante de medula óssea autólogo é muito eficaz para vários tipos de doença, como mioma múltiplo e linfoma. Ele é uma escolha de primeira linha para os pacientes elegíveis, garantindo uma nova chance de resposta ao tratamento”, explica Nascimento.

Em contraste, o transplante alogênico envolve a coleta de células-tronco de um doador compatível, que pode ser um parente próximo ou, em alguns casos, um doador não aparentado. A compatibilidade genética entre doador e receptor é crucial para evitar complicações graves. Esse tipo de transplante é frequentemente utilizado em casos de doenças mais complexas e é considerado mais eficaz devido à capacidade das células do doador de atacar as células cancerígenas do paciente (efeito enxerto contra leucemia). No entanto, o processo é mais complexo e envolve a possibilidade de rejeição ou complicações relacionadas ao sistema imunológico.

As principais distinções entre os dois tipos de transplante de medula óssea residem na origem das células-tronco utilizadas. No autólogo, o paciente é seu próprio doador, minimizando os riscos de rejeição e complicações imunológicas, mas a eficácia pode ser limitada em alguns casos. Já o alogênico, ao trazer um doador externo, proporciona uma fonte de células-tronco mais saudáveis e robustas, porém com maior complexidade e mais riscos associados.

Ambos os tipos de transplante de medula óssea representam avanços significativos na busca por tratamentos eficazes para doenças hematológicas. A escolha entre autólogo e alogênico depende das características específicas do paciente e da natureza da condição médica, sendo crucial a consulta com uma equipe médica especializada para determinar a abordagem mais apropriada.

Em Campinas, o único hospital autorizado a realizar esse segundo tipo de procedimento, o alogênico, é o Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Segundo Nascimento, os próximos procedimentos devem ser realizados já no próximo mês, em janeiro de 2024. Hoje, o hospital Beneficência trabalha apenas com pacientes conveniados, mas há uma expectativa de que esse serviço abranja a fila do Sistema Único de Saúde (SUS) e ajude mais pessoas.

“É um desejo da nossa equipe do Instituto do Sangue, em conjunto com o Beneficência Portuguesa, realizar esse procedimento pelo SUS. Mas a gente aguarda a estrutura, a própria gerência do hospital e os órgãos reguladores”, aponta.

Segundo dados do Ministério da Saúde, de janeiro a agosto deste ano foram realizados 18.461 transplantes de córnea e medula óssea no país, representando um aumento de 9,5% em comparação ao mesmo período de 2022.

Atualmente, o Brasil conta com 1.198 serviços credenciados para procedimentos em geral, que incluem outros 6.622 transplantes de órgãos sólidos, como coração, rim, fígado e pulmão, feitos de janeiro a setembro.

São Paulo destaca-se como o Estado com o maior número de cirurgias desse tipo, totalizando 2.149 nos primeiros nove meses do ano, o equivalente a 32,45% do total nacional. Em outras palavras, a cada três horas um paciente é transplantado no Estado. A campanha do Ministério da Saúde com o tema "Doe uma segunda chance, doe órgãos," busca reforçar a importância da conscientização sobre o ato de doar.

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