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Foto: Arquivo Correio Popular, 2023/Alessandro Torres

Por Elias Aredes / Correio Popular

O juiz aposentado Luiz Antonio Alves Torrano foi indicado pela Chapa 77 para comandar a Ponte Preta pelos próximos quatro anos. Ele será candidato único, já que nenhum outro grupo político se apresentou durante o período de inscrição estipulado pela Comissão Eleitoral, realizado anteontem. Seu nome deverá ser ratificado na votação que ocorrerá amanhã, quando será instalada a mesa do Conselho Deliberativo e do Conselho Fiscal. Ao contrário do mandato anterior, Torrano assumirá o cargo de modo imediato. 

Atual presidente do Conselho Deliberativo, o advogado Tagino Alves dos Santos ocupará a titularidade do Conselho Fiscal, enquanto o ex-presidente da Diretoria Executiva, José Armando Abdalla Junior, será o comandante do Conselho Deliberativo. Na próxima formação da Diretoria Executiva, a primeira vice-presidência será ocupada pelo atual presidente Marco Antonio Eberlin, enquanto a segunda vice-presidência terá Jerônimo Tognolo como titular. Os outros componentes da Diretoria Executiva devem ser anunciados após a eleição.

Torrano assumirá a presidência para quebrar uma marca. No atual século, ele é o primeiro presidente a ocupar o cargo sem ter exercido qualquer função em mandatos anteriores, apesar de ser conselheiro nato titular.

Presidente do clube até 2011, o empresário Sérgio Carnielli exerceu a função de diretor de futebol na gestão de Lauro Moraes na década de 1980. Ele foi afastado do cargo pela Justiça devido a irregularidades na formulação do balanço financeiro e substituído por Márcio Della Volpe, que havia sido diretor de marketing e, até 2011, era gestor de futebol e responsável pela montagem do elenco que subiu na Série B daquele ano. Seu sucessor em 2014 foi Vanderlei Pereira, diretor financeiro em gestões anteriores. A saída de Vanderlei abriu espaço para a entrada de José Armando Abdalla Junior, presidente do Conselho Deliberativo em mandatos anteriores. Em novembro de 2019, Abdalla renunciou e foi sucedido por Sebastião Arcanjo, então primeiro vice-presidente e diretor de futebol a partir do Brasileiro de 2006.
 
Se Luiz Torrano chega à presidência sem experiência no cargo, apresenta sólida formação intelectual. Formado em Direito pela PUC-Campinas em 1986, tem formação em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita e mestrado na mesma área pela PUC-Campinas. Foi professor de Direito Civil na Universidade São Francisco e juiz titular na Primeira Vara da Família e Sucessões da Comarca de Campinas. Na parte administrativa, foi diretor da Quarta Região Administrativa Judiciária de Campinas.

Nascido em Olímpia (SP), Torrano veio para Campinas com a família em 1975. Para confirmar sua ligação com a cidade, no último dia 28 de agosto, recebeu o título de Cidadão Campineiro no Salão Nobre do estádio Moisés Lucarelli. Na oportunidade, já havia deixado claro que estaria à disposição para desafios na Macaca “Na verdade, eu tento fazer o que eu posso pela Ponte Preta como torcedor desde que estou em Campinas. Eu vim para a cidade em 1975 e, em 1977, quando comecei a dar aula só aqui, comecei a vir ao campo. A Ponte Preta nasceu no meu coração. Hoje faz parte da minha vida”, disse o magistrado aposentado, integrante da Academia Campinense de Letras.

DESAFIOS

No comando da Macaca, Torrano terá desafios. O principal é buscar uma solução para a quitação dos quatro meses de salários atrasados dos jogadores campeões da Série C. Na área jurídica, será preciso colocar em dia as mensalidades atrasadas do Plano Especial de Pagamento Trabalhista (PEPT) e transformar em realidade o Regime Centralizado de Execuções na Justiça Cível. As contas foram bloqueadas por liminar pedida por um grupo de 28 credores, entre eles ex-dirigentes e prestadores de serviços. Para completar, o estádio Moisés Lucarelli está penhorado ao ex-presidente Sérgio Carnielli, cujos créditos também foram contestados na Justiça.