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Por Thomas

Peculiaridades da Finlândia em Penedo

Por Thomas

Por Tati Petti

Conforme combinado, hoje dou continuidade ao passeio no Museu Eva Hilden da Arte e da Cultura Finlandesa de Penedo, no Estado do Rio de Janeiro, que visitei em viagem com a família em novembro. As renas, poro em finlandês, são um dos assuntos de destaque ali. Medem de 70cm a 1,4m de altura, são boas nadadoras, vivem em manadas e durante o inverno, se alimentam de um líquen que cresce embaixo da neve e usam as patas para escavam e encontrar este alimento. Antes usadas para puxas trenós, mas hoje o veículo foi modernizado e existem os trenós motorizados ou motocicleta de neve.

A pele da rena era utilizada para produção de casacos e botas de inverno. Os chifres caem uma vez por ano e sempre que nascem novos, são maiores e mais esgalhados. Eles são aproveitados para a produção de itens como colheres, facas, copos, botões, agulhas, pentes, colares e enfeites – alguns em exposição no Museu. Falando em enfeite, antes de ter o Papai Noel, na Finlândia tinha-se o carneiro de Natal, chamado Iolopuki.

TOIVO

Os primeiros finlandeses chegaram em Penedo em 1929, liderados por Toivo Uuskallio, agricultor e religioso, que idealizava construir uma colônia finlandesa baseada no vegetarianismo e na autosubsistência (vivendo do que se produz). Ele, a esposa Liisa e mais 139 finlandeses, somando 28 famílias, compraram a Fazenda Penedo, na época localizada no município de Resende.

O Museu, que fica anexo à sede social do Clube Finlândia, guarda objetos e histórias destes colonos e foi criado pela imigrante Eva Hilden em uma parte da sua casa em 1980, com peças de sua família e itens doados por amigos. Dois anos depois, abriu ao público e em 1993 doou o acervo para este clube. Quem nos recebeu no Museu foi a Laura Ampula, também filha de finlandeses: seus nomes Marti e a grande artesã Eila, com tapeçaria dos Dragões da Independência no Palácio do Planalto.

KANTELE E BÉTULA

Hoje o Museu tem mais de mil objetos trazidos da Finlândia. Um deles é o kantele, nome de um antigo instrumento finlandês que se toca sentado, com ele apoiado sobre os joelhos para acompanhar canções e poemas. Toivo Uuskallio costumava tocar seu kantele e seu amigo de mesmo nome, Toivo Suni, pai de Dona Eva, tocava violino.

Também tem tapeçaria – feita em tear manual, bonecas finlandesas, livros, folhetos, trajes nacionais usados em festas, objetos e artesanato em madeira – como os feitos de casca da árvore bétula (tem até a Cortina Niityn Kukat, uma janela para um bosque – em imagem – de bétulas na Finlândia), e muitos crochês também feitos pelas avós, mãe, tias e primas de Eva – me lembraram os da minha avó Isabel Ortiz Petti, que completaria hoje, véspera de Natal, 92 anos. Saudade.

SAUNA

Talvez a palavra finlandesa mais conhecida em todo o mundo seja sauna. E é uma tradição de lá. A primeira sauna do Brasil foi construída em Penedo, pelo pai de Eva. Mas foi demolida. O Museu conta que a sauna finlandesa é uma pequena casa de madeira ou alvenaria revestida de madeira onde em um canto fica um forno chamado kiuas, cuja parte superior é cheia de pedras aquecidas pela lenha. Aí, usando uma caneca de madeira (löyly), as pessoas jogam água nestas pedras quentes e o vapor aquece a sauna. Diferente da sauna seca no Brasil, que dizem chamar na verdade de banho turco.

Na sauna original, a temperatura é de 80ºC – por isso indicam que fique no máximo 10 minutos dentro e descanse por 10 minutos fora. Os finlandeses costumam usar um buquê de ramos de bétula na sauna e bater suavemente nas pernas e costas para ativar a circulação e ajudar na eliminação das toxinas com a transpiração. Como a bétula não cresce no Brasil, os finlandeses de Penedo começaram a usar ramos de eucalipto e deram a origem do aroma nas saunas.

CASA DE PEDRAS

Outro Toivo, este de sobrenome Asikainen, criou o artesanato de bucha em Penedo. Plantou as buchas, lavou, secou, passou e coloriu, gerando uma matéria-prima para a produção de chapéus, bolsas, chinelos, tapetes, etc. Com a venda desses produtos, comprava cimento para construir as paredes e escadas da sua Casa de Pedra – hoje ponto turístico.

A areia e as pedras eram buscadas no ribeirão que fica em frente – era só atravessar a rua. Ele tinha uma verdadeira sauna e os convidados se refrescavam neste ribeirão nos intervalos. Ali, todo mundo que entrava no rio tinha que sair dele com uma pedra para levar na construção que levou quase 20 anos para ficar pronta – tem 18 cômodos e milhares de pedras tiradas uma a uma do rio. Contam que Toivo construiu para a noiva, mas ela não gostou do clima quente voltando, tempos depois, para sua terra natal.

Hoje é propriedade da Igreja Adventista, perto do Portal de Penedo, sendo referência para o nome da avenida de entrada, a Avenida Casa das Pedras. Itatiba também poderia ter uma casa assim, não é mesmo? Já que o nome da cidade significa muita pedra em tupi-guarani.

FAMÍLIAS

Aqueles colonos, anos mais tarde, construíram pensões para receber os turistas e apresentaram o artesanato e a culinária deles. Um levantamento de 2018 mostrou que eram 27 famílias de origem finlandesa ali.

O turista encontra os nomes das lojas escritos em finlandês, restaurantes, como o Korvapuusti (onde pedi uma truta – peixe da região) e o Koskenkorva – onde saboreamos a famosa roda de pernil, e outras delícias como o pão finlandês com canela, cardamomo e passas (que tem o mesmo nome do restaurante, Korvapuusti, que significa tapa na orelha, por causa do formato) e o chutney de manga da dona Eeva (lê-se Êva) Rouhe Hohenthal, cujo empório fica na esquina da rua do Hotel Bertell Inn, onde ficamos hospedados por uma semana.

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