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Nossa Senhora do Belém: imagem, origens e a história de Itatiba

História

Por Cristian

Por Luis Soares de Camargo

           

Constituindo-se em um importante marco da nossa história, a primitiva imagem de Nossa Senhora do Belém ganha relevância não apenas pelo seu significado religioso, mas também pelo importante papel que desempenhou na formação da cidade.

Em outras palavras, o culto à santa foi um poderoso fator de união entre os primeiros moradores, num processo que forneceu os elementos necessários para a construção de uma identidade própria e que redundou, em 1830, na criação da Freguesia do Belém, hoje Itatiba.

 

A imagem em Itatiba

           

Sabemos que a imagem de Nossa Senhora do Belém chegou a Itatiba no ano de 1792, trazida pelo casal Antonio Rodrigues da Silva, mais conhecido como Sargentão, e sua esposa D. Izidória Maria do Espírito Santo. Logo que se estabeleceu no seu sítio, no atual Bairro do Cruzeiro, a santa foi mantida em um oratório que logo atraiu a atenção dos moradores. Pouco tempo depois, e devido ao aumento dos devotos, uma capela foi construída no mesmo local. Mas, a história da imagem é mais antiga, uma vez que suas origens remontam a meados do século XVIII, época áurea do estilo barroco no Brasil.

 

As origens em Minas Gerais

           

Em madeira policromada, a imagem de Nossa Senhora do Belém traz consigo as características do barroco mineiro do século XVIII e, por isso, já existia a desconfiança de que ela teria vindo de Minas Gerais. Mas, não havia muita certeza.

            De fato, eis que essa confirmação agora nos chega a partir do fato de que a santa não pertencia inicialmente ao Sargentão, mas sim à sua esposa, D. Izidória, que era natural de Minas. 

            Filha de Manoel Gonçalves Jorge e de Josefa Maria do Espírito Santo, Izidória nasceu por volta de 1740, em Congonhas do Campo, cidade famosa pelas obras do Aleijadinho. Sua família possuía certa relevância na comunidade e acredita-se que, justamente nesse período de bonança, a imagem foi adquirida, possivelmente na mesma cidade ou na região, uma vez que ali atuavam alguns dos melhores artistas sacros brasileiros. 

 

De Congonhas para Jundiaí

           

A trajetória de Izidória, bem como da imagem, tomaria outro rumo a partir de 1751, ocasião em que seu pai veio a falecer. Apesar de deixar alguns bens de valor, as dívidas da família já eram muitas como bem explicou D. Izidória, em depoimento coligido no ano de 1765. Conforme suas próprias palavras, a parte que lhe coube da herança foi “pouca coisa”. De toda forma, entre os bens que herdara estava a imagem de Nossa Senhora do Belém, que ela conservou por ser a filha mais velha.

            Logo depois de enviuvar, sua mãe se casou com Caetano Vieira Fagundes e, na mesma época, eles decidiram deixar Congonhas do Campo. A nova residência da família seria em Jundiaí, mais especificamente em um sítio de Ivoturucaia.

E foi nesse mesmo bairro que a jovem Izidória se casou, em 1765, com Antonio Leme do Prado. O matrimônio perdurou por cerca de 11 anos, quando então Antonio Leme veio a falecer. Mas Izidória não permaneceu viúva por muito tempo.

Entre seus vizinhos em Ivoturucaia estava o jovem soldado Antonio Rodrigues da Silva, ele nascido por volta de 1756, filho de Antonio Rodrigues de Távora e de Maria Madalena da Silva. O casamento de Izidória com Antonio Rodrigues foi realizado em 1777.

 

De Jundiaí para Itatiba

           

Durante todo esse tempo, ou de 1751 a 1792, a imagem primitiva de Nossa Senhora do Belém permaneceu em Jundiaí, com D. Izidória. Mas, eis que, em 1792, o Sargentão resolveu se mudar para o Bairro do Atibaia, localizado nos limites do Sertão de Jundiaí, que havia sido fundado em 1786 por 12 famílias pioneiras.

Decidida a mudança, a imagem veio com a família, tendo agora o próprio Sargentão como grande devoto. A partir desse momento, o culto a Nossa Senhora do Belém espalhou-se no novo bairro, num processo que redundou em uma forte união entre os moradores. Adotada desde então como padroeira, a santa foi um fator fundamental na criação de uma identidade para o bairro, bem como na elevação da comunidade para a condição de Freguesia, com o nome de Belém de Jundiaí. Anos depois, essa mesma Freguesia se transformaria na atual cidade de Itatiba.

            D. Izidória Maria do Espírito Santo faleceu no dia 11 de setembro de 1820 e, envolta com o hábito de São Francisco, foi sepultada na Matriz de Jundiaí. O seu legado a Itatiba, porém, foi de grande significado. O seu e o de seu marido, o Sargentão.

           

Fontes: Maços de População da Vila de Jundiaí, diversos períodos, Arquivo do Estado de São Paulo; Dispensas Matrimoniais e Casamentos: Antonio Leme do Prado com Izidória Maria do Espírito Santo, 1765, Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo. 

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