Jornal de Itatiba Portal de notícias de Itatiba

Menu
Esportes
Por Roberto

Morre Beckenbauer, um dos maiores nomes da história do futebol

Por Roberto

Foto: Reprodução / Redes Sociais

Por Luis Curro / Folhapress

Franz Beckenbauer, um dos maiores jogadores de futebol da Alemanha, que capitaneou a equipe para a vitória na Copa do Mundo de 1974 e depois venceu o torneio novamente como treinador em 1990, morreu aos 78 anos.

É também, ao lado do brasileiro Zagallo e do francês Deschamps, o único a ter conquistado uma Copa do Mundo como jogador (Alemanha-1974) e como treinador (Itália-1990). A morte do alemão ocorre dois dias após a do brasileiro. Zagallo morreu neste sábado (6), aos 92 anos.

Disparado o mais celebrado futebolista de seu país - bem à frente de expoentes como os meias Matthäus e Ballack, os atacantes Gerd Müller, Rummenigge, Völler e Klinsmann e os goleiros Sepp Maier, Schumacher e Kahn -, o porte elegante e a liderança em campo lhe valeram o apelido Der Kaiser (O Imperador). Foram 103 partidas e 14 gols pela seleção.

 
"Sou Franz, não o Kaiser", reclamava ele, meio que incomodado com o cognome que lhe foi imputado no fim da década de 1960 por um jornal depois de ele ser fotografado em Viena ao lado de uma estátua de um antigo imperador austríaco, Franz Joseph 1, e logo toda a imprensa e torcedores e fãs encamparam a novidade --a analogia era perfeita.

O desconforto acabou passando no decorrer dos anos, tanto que, em seu Twitter (@beckenbauer), estampava no topo da página, ao se apresentar: "Some call me #Kaiser" ("Alguns me chamam de Kaiser").

Beckenbauer, 1,81 m, ostentava um estilo clássico, de encher os olhos. Jogava sempre de cabeça erguida e distribuía passes e lançamentos precisos. Zagueiro, destro, não era somente um excelente marcador ou organizador. É reconhecido como o primeiro grande líbero do futebol moderno: sua visão de jogo, versatilidade, autoconfiança e inteligência privilegiada o permitiam lançar-se de surpresa ao campo adversário.

 
Seu talento e capacidade física e técnica afloravam, e ele partia para o ataque com impressionante velocidade, driblando e tabelando, arriscando a gol de fora da área com frequência. E o fazia muito bem --e com as duas pernas. Marcou assim, em chute de canhota de antes da meia-lua, na semifinal da Copa de 1966, na Inglaterra, superando o mitológico goleiro soviético Lev Iashin, o Aranha Negra.

Aliás, nesse seu primeiro Mundial, aos 20 anos, magrelo e com cabelos curtos (tempos depois adotou o visual "cabeludo e com costeletas"), anotou nada menos do que quatro tentos, algo surpreendente para um defensor, dois deles logo na estreia, na goleada de 5 a 0 na Suíça, e um nas quartas de final, contra o Uruguai (driblou o goleiro e quase "entrou com bola e tudo"), além do já citado gol na URSS.

Quatro anos depois, anotou mais uma vez em um Mundial, iniciando na metade do segundo tempo das quartas de final uma pouco provável reação da Alemanha, que perdia de 2 a 0 da Inglaterra. O gol deu força aos germânicos, que empataram, levaram a partida para a prorrogação e fizeram 3 a 2, desforrando-se do algoz na decisão da Copa de 1966.

 
Raça e determinação eram características que não lhe faltavam. Todo amante/estudioso do futebol reconhece como um dos momentos mais emblemáticos da carreira do jogador a semifinal da Copa do Mundo de 1970, no estádio Azteca, no México. Atuou em boa parte do chamado Jogo do Século (Itália 4 x 3 Alemanha, na prorrogação) com parte do corpo imobilizada, o braço direito em uma tipoia, depois de ter fraturado a clavícula ao sofrer uma falta violenta do beque italiano Pierluigi Cera, que interrompeu uma arrancada do craque alemão rumo ao gol aos 23min do segundo tempo.

Outros quatro anos se passaram, e nesse ínterim houve a conquista de uma Eurocopa (em 1972), para que Beckenbauer vivesse o maior momento de sua carreira futebolística. Em seu país, envergando a tarja de capitão e dessa vez com a camisa 5 (usou o número 4 nas Copas anteriores), levantou a novíssima Taça Fifa no estádio Olímpico de Munique. Diferentemente dos outros Mundiais, não fez gol, mas sob sua liderança a Alemanha exibiu um futebol sólido, de força e competência, que fez sucumbir na final o mágico Carrossel Holandês e culminou com a obtenção do triunfo em sua cidade natal.

Nascido na combalida Munique pós-Segunda Guerra em 11 de setembro de 1945, Franz Anton Beckenbauer foi um entre centenas e centenas de garotos alemães que se inclinaram para a prática do futebol na esteira do primeiro título mundial do país, na Suíça-1954.

 
Começou a jogar aos 9 anos, no clube SC Munich '06 e, aos 14, transferiu-se para o Bayern de Munique. Admitiu, entretanto, que torcia para o rival 1860 Munich e que sonhava em vestir sua camisa. Acabou optando pelo Bayern depois de, na decisão de um torneio sub-14 entre o SC e o 1860, ter se desentendido, e chegado às vias de fato, com um adversário "" não havia mais clima para se juntar ao time do coração.

Beckenbauer jogou e brilhou no gigante da Baviera de 1964 a 1977, com mais de 400 jogos, seis dezenas de gols, três títulos da Copa dos Campeões (1974-1976, todos como capitão, um feito único), um título mundial (a Copa Intercontinental de 1976, suplantando o Cruzeiro de Raul, Piazza e Jairzinho), quatro do Campeonato Alemão e outros quatro da Copa da Alemanha, além de uma Recopa europeia.

Em 1977, seduzido pelos dólares norte-americanos, abdicou de seu reinado no Bayern e juntou-se a Pelé no Cosmos de Nova York, ajudando a celebrizar a tentativa dos EUA de popularizar o "soccer". Em quatro temporadas, sagrou-se campeão três vezes. De volta à Alemanha, defendeu por dois anos o Hamburgo, conquistando uma Bundesliga. Antes de parar de jogar, em 1983, atuou de novo pelo Cosmos.

 
Chuteiras penduradas, engatou a carreira de treinador, e de cara assumiu a seleção alemã. Entre 1984 e 1990, foram duas finais de Copa do Mundo, ambas contra a Argentina: derrota por 3 a 2 em 1986, vitória por 1 a 0 em 1990. Após a conquista em Roma, Beckenbauer fez questão de enaltecer, com segurança e orgulho, o próprio trabalho: "Jogamos bem os sete jogos, fomos sempre os melhores."

Nessa geração, Lothar Matthäus era a personificação de Beckenbauer em campo, quase um "clone" do futebol eficiente e completo do Kaiser. Mas o ótimo Matthäus era a continuação, a parte 2, e, como nos filmes, o original é, 99% das vezes, imbatível.

Beckenbauer também comandou o Bayern -- clube do qual desde 2009 era o presidente de honra-- em 1993-1994 e 1996, e o Olympique de Marselha, em 1990-1991. E esteve à frente do Comitê Organizador da Copa da Alemanha-2006, uma das mais bem-sucedidas, organizacional e financeiramente (lucro de aproximadamente R$ 370 milhões), da história.

tópicos

Não conseguimos enviar seu e-mail, por favor entre em contato pelo e-mail

Entendi

Nós usamos cookies

Eles são usados para aprimorar a sua experiência. Ao fechar este banner ou continuar na página, você concorda com o uso de cookies. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.

Aceitar todos os cookies