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Morre Arlindo Cruz, compositor que redefiniu o samba, aos 66 anos

Por Redação

Foto: Reprodução / redes Sociais

Por Estadão Conteúdo

O cantor e compositor Arlindo Cruz morreu nesta sexta-feira, 8, aos 66 anos. Ele estava internado no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pelo assessor de Arlindinho, filho do músico, ao Estadão.

Arlindo vivia com sequelas de um Acidente Vasculhar Cerebral (AVC) sofrido em 2017. Desde então, sua saúde tinha altos e baixos e internações.

O quadro teve uma piora em julho de 2023, quando foi divulgado que o músico estava internado no Centro de Tratamento Intensivo da Casa de Saúde São José, no bairro Humaitá, no Rio de Janeiro, para tratar de uma pneumonia. Nesse mesmo ano, ele teve caxumba bacteriana e ficou quase um mês sob cuidados médicos em um hospital.

Em 2024, Arlindo precisou voltar ao hospital para tratar infecções do trato respiratório e urinário. Em julho desse mesmo ano, ele foi submetido a quatro extrações dentárias em ambiente hospitalar.
 
Em abril de 2025, o cantor precisou ser novamente internado para tratar de uma pneumonia. Na época, a equipe médica que cuidava de Arlindo afirmou em uma nota que "Devido à sua condição de saúde já delicada, o caso inspira cuidados redobrados". Ele teve alta em 18 de junho, depois de quase 50 dias internado.

Dias após a alta, Arlindo teve que retornar ao hospital pois seu estado de saúde voltou a se agravar. De acordo com sua mulher, Babi Cruz, o cantor lutava contra um bactéria resistente. "Foram mais de 30 pneumonias, então, a gente acredita que ele vai reverter mais essa, sem dúvida", declarou ela, à época. Apesar do otimismo, Babi afirmou que o sambista não respondia mais a estímulos.

AVC tirou o cantor de cena

Arlindo sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) em março de 2017, enquanto tomava banho em casa. O sambista ficou internado no hospital durante 15 meses, grande parte desse período na UTI. Durante a recuperação, ele passou por 14 cirurgias - sendo cinco delas na cabeça -, além de uma embolia pulmonar.

Ao voltar para casa, Arlindo enfrentou as sequelas do AVC que lhe tirou os movimentos do corpo e a fala. A nova rotina do compositor, que incluía sessões de fisioterapia e de fonoaudiologia, foi compartilhada por sua mulher, Babi Cruz, nas redes sociais, e pelos filhos, Arlindinho e Flora. Em entrevistas, Babi dizia que Arlindo queria viver.

No carnaval de 2023, Arlindo foi enredo da escola de samba Império Serrano, no Rio de Janeiro. O sambista, com o apoio da família e a liberação dos médicos, desfilou no último carro da escola, sentado, ao lado da mulher, filhos e amigos, entre eles, Regina Casé, Marcelo D2 e Péricles. Apesar da popularidade de Arlindo e da sua ligação com a escola, a Império Serrano não fez um bom desfile e foi rebaixada para o grupo de acesso.

Logo após o carnaval daquele ano, Babi anunciou que estava namorando André Caetano, que foi coordenador de sua campanha na disputa para uma vaga na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) - Babi não conseguiu se eleger.

O anúncio gerou debate nas redes sociais, já que Babi ainda era casada com Arlindo. Na época, ela se pronunciou por meio de uma nota publicada em seu perfil no Instagram.

"Nada do que aconteceu ou acontecerá na minha vida me impedirá de cuidar com todo amor e carinho da saúde do Arlindo, assim como eu sempre fiz", escreveu Babi na época.

Carreira teve início nos anos 1970

Criado em Madureira, no subúrbio do Rio de Janeiro, Arlindo Domingos da Cruz Filho, homenageou o bairro em uma de suas canções mais conhecidas, Meu Lugar. Nascido em 1958, ele conviveu com a música desde cedo por intermédio de seu pai, um músico amador. Aos 17 anos, tocou na roda de samba promovida por Candeia (1935-1978), um dos mais importantes nomes da história do samba.

Nos anos 1970, Arlindo foi um dos criadores da roda de samba que passou a ocorrer na quadra do bloco carnavalesco Cacique de Ramos, na zona norte do Rio de Janeiro. Dela, também participavam outros músicos, como Luiz Carlos da Vila, Beto Sem Braço, Almir Guineto, Jorge Aragão, Sombrinha, Neoci, Bira Presidente, Ubirany, Sereno, entre outros.

O encontro dos sambistas chamou a atenção da cantora Beth Carvalho (1946-2019), que passou não só a frequentar o Cacique, mas também a recolher composições para seu repertório. No disco De Pé no Chão, lançado em 1978, Beth levou a roda de samba do Cacique para dentro do estúdio para que eles reproduzissem o som que faziam no encontro.

Nos anos 1980, Arlindo fez parte do grupo Fundo de Quintal, um dos mais importantes do samba brasileiro, ao lado de Bira Presidente, Ubirany, Sereno, Jorge Aragão, Almir Guineto, Sombrinha e Neoci. Ficou no grupo até o início dos anos 1990, quando saiu em carreira solo.

Com Sombrinha, um de seus parceiros mais constantes, Arlindo compôs sucessos como Alto Lá, também com autoria de Zeca Pagodinho, e O Show Tem que Continuar, com a adesão de Luiz Carlos da Vila.

Com Zeca Pagodinho, fez outros tantos clássicos do samba e do pagode, entre eles, Bagaço da Laranja, Dor de Amor e Camarão que Dorme a Onda Leva, esse último com a participação de Beto Sem Braço. Com Acyr Marques, assinou Casal Sem Vergonha.

As músicas de Arlindo foram gravadas por nomes como Beth Carvalho, Alcione, Elza Soares, Maíra Freitas, Almir Guineto, Diogo Nogueira, entre outros intérpretes.

Em 2007, a cantora Maria Rita incluiu seis canções de Arlindo Cruz no álbum Samba Meu, o primeiro que dedicou inteiramente ao samba. Três delas se tornaram grandes sucessos, Tá Perdoado, Num Corpo Só e O Que é o Amor?. Maria Rita ainda gravou de Arlindo músicas como É Corpo, É Alma, É Religião e Saudade Louca.

Arlindo também ganhou destaque como compositor de sambas de enredo. Compôs para escolas como Império Serrano, Vila Isabel e Grande Rio.

Ao longo da carreira, o sambista gravou discos com regularidade. Em 2009, lançou dois volumes do MTV Ao Vivo. Recebeu cinco indicações ao Grammy Latino.

Seu último álbum foi gravado ao lado do filho, Arlindinho, que seguiu a carreira do pai. Em 2017, pouco antes de Arlindo sofrer o AVC, eles lançaram juntos o álbum Dois Arlindos, no qual interpretaram músicas como Bom Aprendiz, Nega Samambaia e Pais e Filhos.

Arlindo ficou muito popular também por conta da televisão, ao participar, entre os anos de 2011 e 2017, do programa Esquenta, da TV Globo, apresentado por Regina Casé.

Em 2022, em uma participação em no podcast Brito Podcast, Babi Cruz afirmou que Arlindo mantinha uma rotina bastante "desregrada". "A droga chegou muito cedo na vida do Arlindo, na escola. A droga não está só no samba, está nas melhores escolas", disse ela na entrevista.

Em junho de 2025, a biografia do cantor, O Sambista Perfeito - Arlindo Cruz (Editora Malê), foi lançada durante a Bienal do Livro do Rio de Janeiro. O livro foi escrito por Marcos Salles. Segundo levantamento realizado pelo autor, Arlindo escreveu mais de 700 músicas.

Na época do lançamento, Babi Cruz comemorou nas redes sociais. "Tive muito medo desse livro não ficar pronto com ele aqui pertinho e é muito emocionante entregar esse livro nesse momento que ele está se recuperando de mais um problema de saúde. Só Deus sabe o tamanho dessa importância".

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