Luzes esverdeadas e misteriosas no céu dividem as opiniões
Para o astrônomo Julio Lobo, fenômeno é proveniente de lixo espacial; professores da Unicamp afirmam que é um meteoro
Foto: Reprodução/Redes Sociais
Por Israel Moreira / Correio Popular
As luzes esverdeadas que surgiram no céu de Campinas na última segunda-feira à noite despertaram a curiosidade das pessoas e geraram dúvidas, até mesmo entre os especialistas. Moradores de outras cidades da região, como Hortolândia, Americana e Amparo, também registraram o momento em que o objeto luminoso em formato de pontos apareceu no céu.
Julio Lobo, astrônomo do Observatório Municipal de Campinas, explicou que as luzes registradas possuem características semelhantes ao lixo espacial, o que não é incomum de acontecer. "Esse objeto percorreu o céu por cerca de 30 segundos, um tempo muito atípico para caracterizá-lo como um meteoro. Há cerca de 90% de chances de que seja lixo espacial", informou o astrônomo.
Segundo Lobo, ainda não é possível determinar a órbita exata do objeto, seja ele lixo espacial ou meteoro. "Entramos em contato com especialistas de outros países para nos auxiliar e tentar desvendar sua natureza, mas até o momento não há informações concretas", completou. Lixo espacial refere-se a qualquer objeto que tenha sido lançado no espaço orbital da Terra e que não tenha mais utilidade, como satélites desativados e fragmentos de foguetes.
Por outro lado, o professor e doutor do Instituto de Geociências da Unicamp, colaborador da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon), Wagner Amaral, discorda da hipótese de que o objeto seja lixo espacial. Para ele, um objeto com essas características, adentrando a atmosfera a uma altitude de 72 km, gerando gases de alta pressão e emitindo cores, não se enquadra na definição de lixo espacial. "Geralmente, os lixos espaciais não percorrem a atmosfera em alta velocidade, como foi observado na terça-feira (20). A velocidade de 13,7 km por segundo, detectada pela Bramon, combinada com sua grande magnitude e brilho e um ângulo de entrada de 5˚ na atmosfera, caracteriza-se como um meteoro, e não como lixo espacial", explicou o professor.
O professor Álvaro Crósta, que também é titular do Instituto de Geociências da Unicamp e do Departamento de Metalogênese e Geoquímica, compartilhou a opinião de que a probabilidade é de que se trate de um meteoro e não de lixo espacial. Essa conclusão se baseia principalmente na velocidade e no ângulo de entrada na atmosfera. "Até o momento, não foram encontrados fragmentos e a maioria desses objetos entra em combustão e se desintegra na própria atmosfera, o que é uma característica dos meteoros", afirmou Crósta.
Letícia Carvalho, uma estudante que estava distraída olhando para seu telefone celular, ficou intrigada quando a luz no céu chamou sua atenção. "Eu olhei para cima e vi a luz, que inicialmente pensei ser um meteoro. Nunca tinha visto uma luz como aquela antes e, naquele momento, só pensei em pegar meu celular e gravar", disse Letícia.
Por sua vez, Amélia Cristina de Souza, dona de casa de Hortolândia, notou um brilho intenso no céu, muito fácil de ser visto. Ela relatou que estava caminhando pelas ruas do bairro com seu marido e filhos quando avistou o objeto por volta das 18h40. Observou que um de seus vizinhos estava constantemente olhando para o céu e decidiu fazer o mesmo. "Foi algo rápido e muito brilhante. No início, pensei que poderia ser uma estrela cadente, mas o formato era redondo, como pontos. Fiquei curiosa para descobrir o que era, e quando cheguei em casa, meus filhos me mostraram vídeos em que pessoas de outras cidades também avistaram as luzes", completou Amélia.
