Itatibense Denise Moraes estreia na literatura com “O que resta?”

Foto: Arquivo Pessoal
A literatura ganhou uma nova voz com a itatibense Denise Moraes, que lançou recentemente seu primeiro livro, O que resta?. A obra, que já foi traduzida para o inglês e o espanhol, está disponível nas principais plataformas digitais e já alcançou leitores em pelo menos cinco países.
Denise é funcionária pública da Prefeitura de Itatiba há duas décadas e atualmente concilia múltiplas funções: atua junto ao projeto Guardiã Maria da Penha, da Guarda Municipal, é membro da Rede Municipal de Enfrentamento à Violência, ministra palestras e aulas, além de exercer as profissões de terapeuta e psicanalista. Agora, soma também a carreira de escritora.
“O que resta?” é um livro autobiográfico, construído a partir das memórias e experiências clínicas da autora. Grande parte dos textos foi escrita durante o período de luto pela morte trágica de sua mãe, a professora Ana Maria Jericó Moraes, cujo nome batiza uma nova escola que será inaugurada em breve na cidade. A dor desse episódio, somada à perda do companheiro para o câncer e ao isolamento da pandemia, levou Denise a transformar a escrita em refúgio e processo de cura.
“Na época, meu pai deixou que eu cuidasse da parte processual do crime. Quanto mais eu tinha contato com aquilo, maior ficava minha dor e minha raiva. Foi na escrita que encontrei um respiro”, relata.
O livro também marca uma virada na vida da autora, que se reinventou ao se formar terapeuta e psicanalista, abrindo seu primeiro consultório com apoio do psicólogo Maurício, de amigos e da família. “Compartilhar partes da minha vivência ajudava no processo de cura das pessoas em sessão. Assim, O que resta? começou a nascer, ainda que eu não imaginasse um dia publicá-lo”, afirma.
A publicação só se concretizou graças ao incentivo da amiga e escritora Dani Fumachi, que a ajudou a estruturar o livro em menos de 90 dias, além de cuidar da tradução e intermediar os contatos com a editora. “Ela acreditou mais que eu. Dani levou meses para me convencer de que eu sou escritora”, brinca Denise.
Autêntica e longe dos estereótipos de uma terapeuta tradicional, Denise se define como vaidosa, tatuada e contundente. Esse estilo também transparece em sua escrita direta e íntima, capaz de transformar vivências dolorosas em partilha e conexão com o leitor.
A parceria com Dani Fumachi não para por aí: além de artigos publicados em conjunto no Jornal de Itatiba, através da coluna Papo Verde, já há novos projetos literários em andamento. Se O que resta? nasceu da dor, os próximos passos prometem mostrar o quanto Denise Moraes ainda tem a oferecer à literatura e à sociedade.