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Esportes
Por Roberto

Estado e Prefeitura de Campinas estudam reativar Estádio da Mogiana

Instalações seguem interditadas devido às péssimas condições de conservação

Por Roberto

Foto: Rodrigo Zanoto

Por Ronnie Romanini

A secretária de Esportes do Estado de São Paulo, coronel Helena Reis (Republicanos), visitou Campinas na quinta feira e conversou com a Administração Municipal para estreitar relações e iniciar um planejamento visando à recuperação de instalações esportivas em Campinas, mais especificamente o Centro Esportivo e Recreativo de Campinas "Dr. Horácio Antônio da Costa", o Cerecamp, popularmente conhecido como Estádio da Mogiana e localizado no Jardim Guanabara, próximo ao Instituto Cultural NipoBrasileiro de Campinas. O local é considerado um patrimônio histórico e é tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), órgão estadual, e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc).

Na terça-feira desta semana (31), o Estado, que administra o local, publicou no Diário Oficial a decisão pela interdição total, administrativa e fiscal. Eventos esportivos - profissionais ou amadores - prática laboral e trânsito de civis estão vetados pelos próximos 180 dias. A decisão estadual prevê que sejam tomadas três medidas emergenciais durante o período de interdição por causa da atual estrutura do local: emissão de um laudo técnico para detectar as condições individuais dos equipamentos que fazem parte do Cerecamp; adoção de medidas cautelares, caso seja constatado risco de desmoronamento de quaisquer dos equipamentos existentes no local e elaboração de um projeto básico e executivo com o Condephaat.

A necessidade dessas ações foi reforçada pelo prefeito Dário Saadi (Republicanos), em conversa com a secretária na quinta-feira. Sobre a última, a elaboração de um projeto com o Condephaat, que seria algo posterior à análise dos riscos de desmoronamento e da elaboração do laudo, a Prefeitura avaliou ser possível entrar na parceria com o Estado desde que sejam estabelecidas metas e valores a serem utilizados para a recuperação do bem. Entretanto, por ser um patrimônio estadual, o pontapé inicial deve ser feito pelo próprio governo do Estado e não pela Prefeitura.

Em visita ao local, foi possível ver que a estrutura está bastante comprometida, principalmente em uma das arquibancadas, razão pela qual a interdição incluiu a proibição da circulação de pessoas. As fortes chuvas que assolam Campinas desde dezembro, que derrubaram centenas de árvores e vitimaram duas pessoas, foram uma preocupação a mais para que neste momento nenhuma atividade aconteça no Estádio da Mogiana.

De acordo com a apuração, em meados da década passada alguns grupos organizados ainda utilizavam aos finais de semana o espaço, mas com restrições. Era possível aproveitar o gramado para atividades de lazer, mas algumas áreas já eram sinalizadas como perigosas e foram interditadas. Além disso, as pessoas que procuravam o Centro Esportivo e Recreativo para caminhar na pista ou usar o gramado precisavam de autorização e assinavam um termo de responsabilidade depois de os riscos serem apresentados e os locais possíveis de ficar delimitados.

Mesmo com as análises anteriores, a Secretaria Municipal de Esportes afirmou que ainda há algumas incertezas em relação a quais providências devem ser tomadas e o valor necessário para elas, porém há uma espécie de consenso de que a arquibancada principal, onde há um camarote e os bancos de reservas, além de uma área administrativa, são os lugares que mais causam preocupação. A arquibancada oposta também parece estar condenada.

O secretário municipal de esportes, Fernando Vanin, avaliou que pelas condições do local é possível que a interdição seja renovada por um período maior que os 180 dias definidos pelo Estado. Findada a interdição, a decisão do que fazer com o local seria do governo estadual. Entretanto, pelo vínculo com a história do esporte de Campinas e pelo DNA esportivo, Vanin acredita que o Estádio da Mogiana deva voltar a ter essa utilidade.

"O 'layout' do local favorece para que o Cerecamp continue no que nasceu, com o campo, as arquibancadas, a pista de atletismo - que é oficial, de 400 metros, em volta do campo. A gente tem apenas uma pista número 2 no Centro Esportivo de Alto Rendimento (Cear), que é de alto rendimento. Temos também uma pista de atletismo no São Bernardo, que é mais antiga, porém não tem os 400 metros. Tem a pista da Unicamp também. Então poderia ter uma pista de atletismo, que não precisa ser nos moldes do Cear. O equipamento é bastante caro, mas se o governo do Estado achar por bem, é algo interessante ter a pista de atletismo. Acho que o local poderia ser usado como um miniestádio - comparado com os estádios do Guarani e da Ponte Preta - e realizar jogos festivos, eventos de campo, atletismo. Tem também uma quadra que é tombada e está extremamente destruída, ela poderia ser utilizada de forma adaptada."

Vanin relembrou dos últimos eventos realizados pelo município no Estádio da Mogiana, sendo que o último foi a abertura de um campeonato de futebol de base há oito anos. "Fizemos alguns eventos, até mesmo peneiras de alguns times de Campinas, jogos comemorativos, abertura e jogo inicial do futebol de base. Faz mais ou menos oito anos, porém apenas o campo foi utilizado e não a arquibancada."

Amigos relembram ‘anos dourados’ com a bola rolando 

Três amigos sentados em uma praça ao lado do Cerecamp conversaram com a reportagem e relembraram os anos dourados do espaço. Com 66 anos de idade, Pedro Rogê da Silva contou que nasceu nas redondezas e que tanto jogou no Estádio da Mogiana enquanto garoto, como acompanhou o Esporte Clube Mogiana. Embora o clube tenha encerrado as atividades profissionais em 1959, durante a década de 60 continuou existindo como amador. Em apenas uma frase, Rogê da Silva resume o sentimento de nostalgia e também de otimismo com uma retomada do local "deveríamos poder voltar a fazer essas coisas aqui". 

Mais jovem, Alex Sandro Rodrigues da Silva, de 47 anos, destacou a localização do espaço, o tamanho do campo e lamentou a não utilização da população neste momento. Ao lado dele, Fernando Volpert, 57 anos, relatou que algumas vezes teve vontade de assistir a alguma partida que acontecia no Estádio, mas que era impedido, justamente pela proibição de pessoas na arquibancada nos últimos anos.

Proprietário de uma padaria localizada a poucos metros do Cerecamp, Paulo Roberto Labbate, 62 anos, lembrou da passagem mais recente do Campinas Futebol Clube, que sediava jogos no Estádio da Mogiana. A memória o faz desejar que o local seja novamente um palco de jogos, mesmo que do futebol amador. Enquanto isso, Dirceu Gonçalves Costa, 60, e funcionário da padaria há quase duas décadas, lembrou que embora o futebol seja o esporte mais popular, o espaço é grande ao ponto de comportar outras modalidades que não têm tanta visibilidade e lugar para prática.

Além disso, para ele não há dúvida: em vez de dar outra destinação ao local ou mesmo ceder à iniciativa privada, o ideal seria que o poder público conseguisse resgatar o local para que a população possa aproveitar de maneira gratuita.

* com informações do Correio Popular/Campinas

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