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Por Redação

Coragem, força, pioneirismo e dedicação são lembrados no Dia Internacional da Mulher

A data de 8 de março é especial porque marca a luta pela igualdade de direitos com os homens desde setores da sociedade civil até no esporte

Por Redação

Foto: Wagner Carmo/CBAt

O Dia Internacional da Mulher, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975, é comemorado nesta segunda-feira (8/3) em todo o mundo e em diversos setores da sociedade. No esporte e mais especialmente no atletismo a data é reverenciada pela luta sobre as condições de competição equiparadas às dos homens.

Um grande exemplo dessa luta foi dado pela carioca Eleonora Mendonça, a primeira brasileira a disputar uma maratona olímpica, nos Jogos de Angeles-1984. Como co-presidente do Comitê Internacional de Corredores, ela investiu na função de ativista e trabalhou para a inclusão de eventos femininos de longas distâncias nos campeonatos internacionais. “Em 1983, no primeiro Campeonato Mundial de Atletismo, em Helsinque, anunciamos a abertura de um processo por discriminação de gênero contra o Comitê Olímpico Internacional (COI)”, lembrou a antiga recordista brasileiro dos 800 m, 1500 m e maratona. “Dessa luta, nasceram decisões importantes para a igualdade de direitos.”

Apenas um ano depois, a maratona e os 3.000 m femininos já eram disputados em Los Angeles, os 10.000 m passaram a ser realizados em Seul-1988 e os 5.000 m começaram em Atlanta-1996. Depois foram incorporados o salto com vara e os 3.000 m com obstáculos, por exemplo.

A luta continua em toda a sociedade, com a solicitação de prêmios iguais entre homens e mulheres nas competições e a igualdade de salários para pessoas que ocupam o mesmo cargo, com as mesmas qualificações e com experiências semelhantes.

A World Athletics, a Federação Internacional de Atletismo, criou em 2017, o programa de liderança de gênero e ações vêm sendo adotadas para implementação do projeto. A meta é que o atletismo mundial tenha, até 2027, mais mulheres em cargos de liderança nas federações, associações e na própria World Athletics.

Na Confederação Brasileira de Atletismo, o Comitê Feminino trabalha desde 2017. Em 2020, por exemplo, o grupo formado pela coordenadora Elisângela Maria Adriano e as ex-atletas Esmeralda de Jesus Freitas de Paula, Maria Magnólia Sousa Figueiredo e Rita de Cássia Santos de Jesus realizou o I Fórum Mulheres em Movimento no Atletismo, com a participação de especialista, com o objetivo do compartilhamento do conhecimento e troca de experiências entre treinadoras. A psicóloga Maria Regina del Carlo é a ouvidora do Comitê Feminino.

Depoimentos

Ana Carolina Azevedo (CT Maranhão), campeã do Troféu Brasil Caixa dos 200 m e vice-campeã dos 100 m, e eleita a melhor atleta do Campeonato Brasileiro Sub-23 de Atletismo.

“Não vejo dificuldade em ser mulher e praticar atletismo. É claro que temos dias de baixa autoestima, mas nada como um bom treino para nos mostrar do que somos capazes e nos deixar lá em cima. Em questão da vaidade, eu amo estar de bem comigo mesma, unhas, cabelos, maquiagem etc. Sempre fui vaidosa desde pequena. Nós mulheres já nascemos com esse instinto de competitividade. Mas com o tempo vamos apreendendo que temos uma força fora do normal, somos guerreiras e batalhadoras. Mulher é guerreira por natureza e profissional por competência.”

Andressa de Morais (Pinheiros), qualificada para os Jogos Olímpicos de Tóquio no lançamento do disco, prova em que é a recordista brasileira e sul-americana. É casada com Everton Luiz Ribeiro, ex-lançador de martelo.

“Eu sinto muito orgulho por ser mulher no esporte, ainda mais tendo todo o apoio de minha família. Meu marido me dá muita força e me acompanha nos treinos e nas competições, como massoterapeuta e quiropraxista. Eu não sinto dificuldade não. A única parte difícil é de ser mãe, porque dificilmente uma atleta que está no alto nível para a carreira para engravidar. Com certeza, tudo seria mais difícil se o meu marido não entendesse a minha profissão.”

Elisângela Maria Adriano, coordenadora do Comitê Feminino da CBAt, recordista sul-americana do arremesso do peso (19,30 m), desde 2001, campeã e medalhista pan-americana no lançamento do disco e no arremesso do peso.

"Ser mulher já é um desafio enorme, ser mulher-atleta então...É estar o tempo todo se reinventando para manter a vida atlética e pessoal. É uma luta constante para um reconhecimento igualitário onde a mulher mereça estar onde quiser estar, realizando o que gosta. Passamos por uma luta constante para mostrarmos o nosso valor. E não é apenas uma questão de capacitação apenas, mas de oportunidade também."

Fabiana Murer, recordista sul-americana do salto com vara (4,87 m), campeão mundial, medalhista em mundial indoor e campeã pan-americana. Casada com Elson Miranda é mãe de Manuela que nasceu em 2017.

"Todo atleta tem desafios, mas para a mulher-atleta os desafios e os conflitos internos são ainda maiores. Temos de entender o nosso corpo que oscila todos os meses no humor, na dor e no inchaço, mas seguir fortes, concentradas e determinadas. Decisões importantes para a vida, como o momento da maternidade, tem de ser tomadas. Eu encerrei a carreira antes de ser mãe, outras param e retomam em busca de novos resultados e medalhas. Ser mulher atleta não é fácil, mas quando conseguimos nos superar e ganhar um grande título, é ainda mais gratificante."

Gabriele Sousa (Pinheiros), bicampeã brasileira do salto triplo e eleita nas duas vezes a melhor atleta do Troféu Brasil Caixa de Atletismo (2019 e 2020). 

“Eu amo a vaidade. Mas a feminilidade não está atrelada à delicadeza. Mulheres são fortes. Conhecemos muitas mulheres que trabalharam em guerras e não deixaram de serem mulheres. Eu me inspiro muito na minha mãe (Ana Selma), uma guerreira, que criou dois filhos sozinha. Trabalhou muito, pegou muito sol muita chuva. Mulher negra linda, maravilha, que gosta muito de maquiagem. Eu sempre estou com a unha feita, uma faixa no cabelo, batom, brilho diferente e cheirosa, mas sempre pronta para brigar por um lugar no pódio.”

Thaissa Barbosa Presti, medalhista olímpica de bronze com o revezamento 4x100 m nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008.  Casada, é mãe de João Gabriel, que nasceu em 2019.

"Já avançamos muito na representatividade feminina no esporte, mas a desigualdade entre os gêneros ainda prejudica as mulheres. O esporte dá poder para a mulher e eu tenho muito orgulho do que conquistei como atleta."

Vitória Rosa, campeã pan-americana com o revezamento 4x100 m, dona de duas medalhas de prata (100 m e 200 m), em Lima-2019, qualificada para os Jogos Olímpicos de Tóquio nos 200 m.

"A mulher-atleta briga pela igualdade social, pela inclusão social. Mas o mundo é das mulheres, estamos presentes na sociedade, em todas as áreas de atuação, somos organizadas e fortes, mostrando que as mulheres também tem capacidade. As mulheres vêm ganhando força. E o que seria dos homens sem nós mulheres? Nada! (risos)".

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