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Por Redação

Caminho da Fé – parte 6: Trezentos e dezoito quilômetros que te levam à Aparecida

Debaixo de um Sol escaldante, os Peregrinos de Maria chegavam ao Distrito de Luminosa, já bem próximo à temida serra

Por Redação

Foto: Arquivo Pessoal

Por Marcio Egidio

A estadia na Pousada da Praça é sempre gratificante, tanto pelas boníssimas acomodações como também pelo carinho despendido por dona Jandira e toda sua competente equipe de colaboradores para com os peregrinos que anseiam em chegar ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida.

Depois de um farto café da manhã, deixamos Paraisópolis ao raiar da terça-feira, dia 21 de outubro, com destino ao nosso maior “oponente”, a Serra de Luminosa, antes porém, ainda teríamos cerca de 27 quilômetros de subidas, descidas e todos os possíveis desafios que o Caminho da Fé nos reservara.

Os primeiros quilômetros deixando a cidade são relativamente tranquilos até atingirmos a rodovia MG-295 e, poucos quilômetros depois, voltamos ao chão batido rumo ao bairro de Cantagalo.

Aqui uma contextualização se faz necessária. Paraisópolis fica na divisa com o Estado de São Paulo, fazendo limite com a cidade paulista de São Bento do Sapucaí, onde fica o Cantagalo, contudo, passado o referido bairro, o peregrino volta para Minas Gerais até chegar a Luminosa, que é um distrito rural e turístico da cidade mineira de Brazópolis.

EM SÃO PAULO

Algumas horas após o início da peregrinação do dia, chegamos à cidade de São Bento do Sapucaí, andando em território paulista. Enfrentamos os 4,4 quilômetros da Subida do Cantagalo até chegarmos no bairro rural de mesmo nome, já por volta das 10h30 totalizando umas quatro horas de caminhada e cerca de dezessete quilômetros percorridos.

Nesse trecho, destaque total para um lobo-guará que eu e Daniel avistamos colina abaixo próximo a um riacho com muitas corredeiras nos dando mostra de estarmos totalmente juntos à natureza e em plena sintonia com a fauna e a flora da região. Um verdadeiro presente de Deus aos nossos olhos!

Não tem como passar pelo bairro e não dar uma parada na Lanchonete e Hospedaria do Jucemar, outro ilustre personagem do Caminho, que fica no quilômetro 118. De acordo com nosso companheiro Daniel, um dos melhores lanches de pão com ovo de toda caminhada.

Lá aproveitamos para nos alimentar, retirar os tênis dando um tempo maior de descanso e ouvindo as histórias contadas pelo próprio Jucemar, experiente peregrino e bicigrino e um dos maiores divulgadores do Caminho da Fé.

De VOLTA À MINAS

Como informei anteriormente, nessa região, uma ponta do Estado de São Paulo ‘invade’ o território mineiro e, por isso adentramos a terras paulistas antes da hora, contudo por apenas alguns quilômetros já que antes mesmo de chegarmos no Distrito da Luminosa, voltamos ao solo mineiro com seus aclives e declives que, a essa altura do campeonato, estávamos mais que acostumados, sempre em frente em busca da próxima seta amarela.

Do alto de uma colina pudemos avistar ainda de forma tímida e minúscula, a comunidade de Luminosa, mas, para se chegar, antes teríamos que superar uma íngreme descida cercada de plantações de bananas, trecho que nos tomou um bom tempo e proporcionou dores consideráveis as já combalidas articulações dos joelhos.

Pouco depois do meio-dia adentrávamos em Luminosa, motivo de alegria e sensação boa porque grande parte da nossa caminhada do dia já havia sido superada. Lá pudemos visitar e carimbar nossa credencial na Igreja Nossa Senhora das Candeias, também chamada de Nossa Senhora da Luz, Nossa Senhora da Candelária ou Nossa Senhora da Purificação, título mariano pelos quais a Igreja Católica venera a Santíssima Virgem Maria. Sob essas designações, é particularmente cultuada em Portugal e Brasil.

Dois quilômetros adiante e restando menos de dois para o destino final do dia, nosso grupo deu uma separada. Enquanto Edilene e Carlão seguiram direto até a Pousada Dona Inês, eu, Caio e Daniel paramos para uma visita a Pousada Novo Amanhecer, do amigo Paulo.

O local é uma referência do Caminho por ter uma seta amarela gigantesca que cobre praticamente a lateral inteira do telhado da pousada, reforçando que você está no caminho certo. Além disso, a localidade é o marco zero para a subida da temida Serra da Luminosa que, a esta altura, já se apresentava gigante e imponente à nossa frente mostrando todo o poder da natureza e toda insignificância do ser humano perante ela.

Um bom bate-papo com Paulo, descanso e algumas cervejas para comemorarmos, partimos em trio para a pousada onde dona Inês e família nos aguardava para mais uma pernoite, desta vez, na altura do quilômetro 108 do Caminho aos pés da majestosa parede montanhosa que encararíamos na manhã do dia seguinte.

A SUBIDA

Jantamos maravilhosamente bem e caímos no sono dos justos. No amanhecer da quarta-feira, dia 22, acordamos bem cedo, outro belo café e a tão esperada hora finalmente chegou já que, nesse dia, iríamos superar os cerca de oito quilômetros de subida da Luminosa.

Brincadeiras à parte esse trecho merece todo respeito por parte dos peregrinos. São cerca de oito ou nove quilômetros de subida, com média de inclinação de 11% e picos de 30% e ganho de elevação de cerca de 850 metros. Só por esses números já se tem uma noção do que é encarar esse que é o maior desafio de toda a jornada.

Dois quilômetros de subida ‘braba’ e nos deparamos com a câmera que grava a passagem dos peregrinos. No local você deixa sua breve mensagem e, posteriormente, pode conferir nas redes sociais do Caminho da Fé, uma grande sacada e um momento de descontração em meio de tanto esforço.

SP DE NOVO

Vencer Luminosa não é tão difícil quanto se pensa ao ver os números geográficos, porém, não pode ter pressa muito menos ser ansioso. O correto é encontrar um ritmo cadenciado que seu corpo se sinta confortável e sempre parando para retomada de força e regularização da respiração. No mais, sempre que possível, pare mesmo não precisando, apenas pare, olhe ao redor e olhe sim para trás conferindo tudo o que você já conseguiu superar.

Quase seis quilômetros de ribanceira acima, chegamos na Pousada Mirante, onde o peregrino consegue ter uma dimensão do tamanho e da magnitude do que é o Caminho da Fé. A vista surreal proporcionada ao olho humano coloca a Serra da Luminosa como um dos mais lindos cartões postais do mundo sem qualquer resquício de dúvida.

Após fotos, registros, carimbos e descanso, cajado na trilha porque ainda tínhamos quase dois quilômetros de serra e outros vinte para chegarmos ao nosso destino final do dia, a pousada Recanto dos Peregrinos, em Campos do Jordão.

O término da subida principal se dá na placa da divisa entre a cidade mineira de Brazópolis e a paulista São Bento do Sapucaí marcando nossa volta definitiva ao Estado de São Paulo, deixando para trás todas as belezas e desafios proporcionados pelas cidades da região sul de Minas Gerais.

Do alto da região de Campos do Jordão, o ecossistema se transforma totalmente. Ficaram para trás as bananas e o calor do sul mineiro para adentrarmos ao frio mais intenso, rajadas fortes de ventos, além dos pinhões das gigantescas araucárias e das inúmeras variedades de pinheiros.

CAMPOS DO JORDÃO

Caminho da Fé – parte 6:  Trezentos e dezoito quilômetros que te levam à Aparecida

A placa nos deu as boas-vindas na chegada à cidade de Campos do Jordão

A estrada que nos tira da Luminosa desemboca em uma rodovia que dá acesso a cidade de Campos do Jordão. Porém ainda em São Bento do Sapucaí, passamos defronte a entrada do Monumento Nacional Pedra do Baú, sim, a mesma que havíamos vistos dias atrás, antes de chegarmos à Paraisópolis.

Em termos geomorfológicos, pode-se dizer que o complexo rochoso é formado pela Pedra do Baú, Ana Chata e Bauzinho com ponto culminante a 1.950 metros de altitude. A visitação é aberta ao público e carece de agendamento prévio disponível pela internet.

A partir daí, ainda no asfalto, a caminhada segue em uma descida cumpridíssima com cerca de dez quilômetros morro abaixo, terminando na placa com os dizeres “Bem-Vindo a Campos do Jordão”, local onde demos mais uma breve parada para reagruparmos o pessoal já que cada um desceu à sua maneira aproveitando a paisagem e seu momento de reflexão.

Poucos metros sentido ao bairro Campista, mais uma parada para um lanche na Pousada Dona Rose que, diga-se de passagem, na minha humilde opinião, um dos melhores lanches de ovo de todo o Caminho. O lamento fica apenas porque chegamos um pouco tarde, pois, momentos antes, conforme a própria dona Rose, uma missa foi realizada na própria capelinha da lanchonete.

Com os buchos cheios e mais descansados, marchamos para o último trecho da caminhada até o Jardim Primavera, mais precisamente, na pousada Recanto dos Peregrinos, do casal de amigos formado pela dona Rita e o Gilberto. Chegamos por volta das 16h, cansados, mas, felizes por mais uma realização.

Os detalhes e a expectativa de enfrentarmos o penúltimo dia de peregrinação merecem mais um capítulo, portanto, essa é uma outra história...

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