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Por Redação

Caminho da Fé – parte 4: Trezentos e dezoito quilômetros que te levam à Aparecida

Por Redação

Foto: Arquivo Pessoal

Por Marcio Egidio

A quinta-feira, dia 17 de outubro, amanheceu preguiçosa em Inconfidentes e não seria mesmo de outra forma por se tratar de uma sexta-feira, durante um feriado prolongado que começou na quinta, com os festejos de São Geraldo Magela, padroeiro da cidade.

Para os que desconhecem, São Geraldo Magela é protetor das gestantes, mães, crianças e dos bons partos, mas também é padroeiro dos alfaiates e dos injustiçados. Ele é invocado para obter graças relacionadas à maternidade, para proteger as crianças doentes e para auxiliar os que sofrem injustiças.

Levantamos bem cedo e recebemos, com um belo sorriso, o bom dia da Tábata, já aproveitando anunciar que o café estava servido. Muito bem alimentados, fizemos nossa despedida e deixamos a área urbana da cidade que ainda “dormia” silenciosamente. Pé na estrada que a próxima cidade nos aguardava, a não menos aconchegante Borda da Mata, distante 22 quilômetros dali.

A CAMINHADA

A saída da cidade é feita superando alguns quilômetros do trecho final da Rodovia MG-295 que termina (ou começa) exatamente na rotatória de entrada da cidade de Inconfidentes até a entrada da Pousada do Juninho onde a peregrinação volta a ser através de chão batido.

Carimbamos nossas credenciais na pousada e seguimos adiante com uma vista incrível das colinas da região, podendo sentir um pouco do que é a vida no campo para quem mora nesse interiorzão do Estado de Minas, passando por propriedades voltadas à agricultura, pecuária e ovinocultura.

Cerca de quase duas horas de caminhada, passamos defronte a Capela da Beata Nhá Chica, que hoje também conta com seu caminho específico com início na própria capela e chegada no Santuário da Imaculada Conceição de Nhá Chica, na cidade de Baependi-MG. Outra grande peregrinação com seus 270 quilômetros, passando por quinze cidades e altimetria bem desafiadora.

Depois de cerca de doze quilômetros, passamos pelo Bairro Córrego da Onça, com uma pequena cachoeira de águas cristalinas, um convite quase que irresistível para molharmos ao menos os pés e o rosto antes de seguirmos adiante. Logo à frente, programamos nosso descanso na Parada do Kiko, contudo, deparamos com o local fechado para peregrinos o que mudou bastante nossos planos.

Fizemos nosso descanso em meio a trilha mesmo aproveitando algumas áreas de sombra chegando ainda muito cedo à Borda da Mata, por volta das 11h, direto a até a lindíssima Basílica de Nossa Senhora do Carmo, bem no centro da cidade.

Como informei nos textos anteriores, a região sul mineira é privilegiada com relação a arquitetura das igrejas e paróquias e citei a de Ouro Fino como uma das mais belas. Aqui cabe acrescentar a Paróquia de São Geraldo Magela, em Inconfidentes que é fenomenal.

Como fiz duas vezes o Caminho da Prece, que tem como finalização a própria Basílica bordamatense e, após três passagens percorrendo o Caminho da Fé, me familiarizei e gosto muito desse local. Toda vez que chego na praça principal e defronte a Basílica, sinto uma emoção verdadeiramente diferenciada.

A povoação do local teria começado por volta 1754, através de uma família e comitiva, vinda de Atibaia-SP, instalando-se em terras que se limitavam entre as matas e os campos, fundando a Fazenda Borda da Mata sendo esses seus primeiros habitantes e fundadores. Em 1828 foi erguida, dentro da fazenda, a Capela de Nossa Senhora do Carmo, padroeira da cidade.

Borda da Mata é conhecida como a Capital Nacional do Pijama devido à sua forte indústria têxtil, focada na produção de pijamas e malhas. A cidade também é um importante polo de turismo religioso, de aventura e da natureza, contando com uma população estimada em quase 18 mil habitantes.

Na cidade, ficamos hospedados na Pousada Nossa Senhora de Fátima, do casal de amigos dona Cida e Lázaro, ambiente super familiar, com direito a piscina, jantar e café da manhã. Aqui um a parte se faz necessário com relação ao jantar, que é preparado pela dona Cida, uma verdadeira representação da simples e maravilhosa comida mineira. Saciados, bora descansar!

PORTEIRA E TOCOS DO MOJI

Caminho da Fé – parte 4: Trezentos e dezoito quilômetros que te levam à Aparecida

A manhã de sábado prometia muito já que, depois de dois dias, digamos, mais tranquilos, a expectativa crescia a cada passo que nos levava ao primeiro grande obstáculo, a afamada Porteira do Céu, numa subida íngreme e cansativa com extensão de 2,7 quilômetros até o topo e a cerca de oito do ponto de partida.

Todo esforço tem sua recompensa e, ao chegarmos na porteira, a vista maravilhosa a uma altimetria de 1.191 metros era nosso presente. Visitamos a Capela de Nossa Senhora Aparecida, onde fizemos nossas orações e partimos para as fotos na recém restaurada e conhecida Porteira do Céu.

Não pudemos parar muito, só o suficiente para tomarmos um fôlego e atualizarmos nossos carimbos e, morro abaixo, descemos fazendo nossa próxima parada na Capela de São Peregrino. Nascido em Forli, na Itália, viveu entre os anos de 1265 a 1345 sendo canonizado em 1726.

Jovem, se opunha à igreja na época e, após um encontro violento com São Filipe Benício, ele se arrependeu profundamente, pediu perdão e sua vida mudou radicalmente. Aos 60 anos de idade, desenvolveu uma chaga cancerosa na perna. Na véspera da amputação planejada, ele rezou diante de um crucifixo e adormeceu.

Teve uma visão onde Jesus desceu da cruz, tocou sua perna e a curou. Na manhã seguinte, o médico confirmou que a ferida havia desaparecido. A partir de então, ficou conhecido como padroeiro das pessoas doentes e em tratamento de câncer.

Por volta das 11h30 chegávamos a pequena cidade de Tocos do Moji (pronuncia-se Tócos), com seus cerca de 3.800 habitantes, conforme o censo de 2022. Paramos na Pastelaria do Zé Bastião para um lanche, descanso e reposição de suprimentos na cidade.

SUBIDA DA SERRA

Besuntados de protetor solar, iniciamos a etapa da tarde já com desafio dos mais difíceis que, particularmente, considero um dos mais difíceis do Caminho já que, pela logística que fazemos, sempre chegamos ao local no período da tarde tornando a subida da Serra de Vargem Grande e seus íngremes cinco quilômetros, um obstáculo dos mais indigestos, contudo, como sempre digo, quando a força acaba entra a fé e, com ela, atingimos o topo.

Já nessa subida, começa a ficar bem mais perceptível a mudança com relação a agricultura regional, até pela diferença de clima com relação a região inicial do Caminho. Se até agora vimos muitas bananas e café, o cultivo de outra fruta começava a pipocar por toda a região, as plantações de morango.

MELHOR SUCO DO BRASIL

Deixamos Tocos do Moji para trás e a chegada a Estiva se dá pelo Bairro Fazenda Velha em meio a inúmeras plantações de morango. Nossa parada final do dia seria ali, mais precisamente, na Pousada Dona Vilma, coordenada por ela e seu filho Bruno.

Além da pousada, a família também tem na propriedade uma área específica para plantio e cultivo do morango sendo o estabelecimento intitulado como tendo “O Melhor Suco de Morango do Brasil”. De verdade, não sei se é o melhor do país, mas, tenho sim a certeza e convicção plena de que é o melhor que eu já tomei na vida e olha que são algumas dezenas de anos já vividos.

Dona Vilma faz questão de deixar a todos muito bem à vontade e ainda nos deu sugestões do que serviria no jantar, antes, na chegada, o maior agrado foi recepcionarmos não com um, mas, com uma jarra de suco de morango estupidamente gelado que ajudou a amenizar qualquer cansaço acumulado no trecho.

O clima mudou muito nesse final de tarde. Saímos de um calor de quase 30 graus dos dias anteriores, para uma noite chuvosa, com muito vento e queda brusca de temperatura, com os termômetros registrando abaixo de 14º graus e expectativa de cair ainda mais, abaixo de dez nas próximas horas. Banho, jantar e um bom cobertor que a chuva ajudava a pegar no sono, então, bora descansar.

Na manhã seguinte passaríamos pela área urbana de Estiva e encararíamos a não menos famosa e temida Serra do Caçador. Mas essa, é uma outra história...

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