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Por Marcio

Caminho da Fé - parte 2: Trezentos e dezoito quilômetros que te levam à Aparecida

Por Marcio

Foto: Arquivo Pessoal

Por Marcio Egidio

Trilhar o percurso do Caminho da Fé no tocante a rota é extremamente fácil já que o mesmo é autoexplicativo. A tradicional “seta amarela” garante ao peregrino a segurança de estar no caminho certo durante todo o percurso. Elas estão literalmente pintadas por toda parte, em muros, postes, placas, árvores e basta ficar atento que não tem como errar.

Aliada a essa principal referência, a cada dois quilômetros existem placas que indicam a quilometragem restante para a conclusão da caminhada de forma decrescente, portanto, se o peregrino assim desejar, não precisa perguntar nada a ninguém e ainda assim chegará tranquilamente ao Santuário.

Nosso grupo saiu por volta das 6h30 da cidade de Águas para concluir seu primeiro dia de peregrinação superando os 32 quilômetros que separam a cidade paulista de Andradas, já em território mineiro. Um pequeno riacho separa os dois estados e as duas cidades.

Além da íngreme subida, com mais de três quilômetros até o Pico do Gavião, nosso primeiro real desafio, contemplamos cachoeiras na ponte de pedra, Capela de Ferro e outras capelas, com destaque para a de Cosme e Damião, onde paramos para uma boa descansada antes de superarmos os cerca de dez quilômetros restantes para terminarmos o dia.

Aproximar-se de Andradas pelo Caminho da Fé é uma verdadeira “agonia”. Depois de superar toda a elevação, a cidade é vista do alto e de muito longe, cerca de sete quilômetros de distância, contudo, o duro é chegar lá, numa descida que leva, pelo menos, duas horas para ser concluída.

O cansaço já se fazia presente e a ansiedade de chegar era grande, fatores que deixara tudo mais demorado. Por volta das 14h30 chegávamos a área urbana da cidade e, cerca de mais dois quilômetros, estaríamos na Pousada Mansão da Rebeca, da amiga Claudia Nalon, que já entrara em contato pela manhã para saber se estava tudo certo para nossa chegada no período da tarde.

Antes, passamos pela Igreja Matriz de São Sebastião para agradecer e, após merecido banho e descanso, saímos em busca de uma boa refeição na cidade que é conhecida como a Capital Mineira do Vinho e como a maior produtora de rosas do país.

Não foi difícil encontrar um restaurante com a boa e velha comida mineira. Buchos preenchidos, o melhor a fazer era descansar e muito já que no outro dia, logo cedinho, daríamos continuidade a nossa peregrinação.

O café da manhã na Pousada Mansão da Rebeca dispensa comentários, tem tudo o que o peregrino precisa para se fortalecer em mais um dia de caminhada. Claudia cuida de tudo com muito carinho e, desde o primeiro dia, o peregrino aprende que a relação entre as pousadas e os caminhantes é de extrema confiança.

Na Mansão da Rebeca, o próprio hóspede se serve com o que vai consumir (fora o café da manhã que já está incluso na diária) e ele mesmo deixa anotado para ser acertado quando for se despedir, simples assim, ninguém “monitora” o que cada um consome.

Nos despedimos do pessoal da pousada, demos um abraço apertado na Claudia com promessa de retorno numa próxima oportunidade e partimos, por volta das 6h, para mais um dia de peregrinação com cerca de quase 26 quilômetros a cumprir.

RUMO À OURO FINO

O caminho até a conhecida e afamada cidade de Ouro Fino também reserva suas peculiaridades. A cidade, que hoje conta com cerca de 35 mil habitantes, foi fundada no século dezoito em torno de minas de ouro, teve sua economia desenvolvida com a produção de café, assim como toda aquela região e, posteriormente, no meio cultural por conta da famosa música “Menino da Porteira”, difundida em todo país sendo um dos ícones do cancioneiro popular brasileiro.

Contudo, chegar até lá leva tempo e reserva vários outros desafios aos peregrinos, além de muitas belas paisagens. Um detalhe importante que merece ser ressaltado é que nosso grupo, Romeiros de Maria, em todas as manhãs, no início da caminhada, ouvíamos a Oração do Dia, do programa Manhã de Luz, e rezávamos o Santo Terço, ambos ministrados pelo padre Alex Nogueira e “baixado” do canal do próprio padre no YouTube.

Como sempre diz o famoso peregrino José Policarpo Ferreira, o Polly, da cidade de Jacutinga-MG, “quando rezo não sinto meus passos”, e isso foi comprovado pelo nosso grupo que, literalmente, sempre andou mais durante as orações. Se o leitor quiser saber um pouco mais sobre a história do mineiro Polly, é só acessar o site https://peregrinopollyferreira.com.br.

Depois de uma caminhada tranquila que serviu para esquentar o corpo, eis que chega nosso primeiro grande desafio do dia, a subida da Serra dos Lima, temida por alguns e tranquilas para outros, como eu, particularmente.

O trecho pega alguns de forma desprevinida. O percurso é curto, cerca de dois quilômetros apenas, contudo, tem uma altimetria de 200m de elevação e inclinação que chega até 25% em alguns trechos tornando-a desafiadora e prazerosa.

Peregrinos de primeira viagem, Carlão e Caio sentiram mais na subida, já eu e Daniel, que já conhecíamos, subimos de forma tranquila sabendo que era duro, mas, que acabava rápido com a chegada no mirante e vista privilegiadíssima de toda região montanhosa que nos cercava.

A parada para descanso foi um pouco à frente, na Capela dos Arcanjos, ponto de apoio da amiga Josilene Silva e família. Lá experimentamos nosso primeiro lanche de pão com ovo, iguaria que nos acompanharia durante todo o Caminho e preparado das mais variadas formas, contudo, sempre com os dois ingredientes principais.

Na retomada, demos uma parada na Pousada da Dona Natalina, uma sumidade quando o assunto é Caminho da Fé. Ela e seu Bento, o esposo, estão sempre de braços abertos para receber a todos que passam pelo Caminho seja para pouso, para um abraço, um dedo de prosa e, claro, um bom “cafezim” mineiro.

De volta ao percurso, a descida da Barra era nosso próximo desafio, um bom teste para os joelhos com seus vários quilômetros de descida íngreme culminando no Distrito da Barra, já em Ouro Fino, onde chegamos por volta do meio-dia.

Nosso destino final estava marcado para a Pousada Santa Catarina, no próximo bairro, conhecido como Taguá, ainda em área rural da cidade e na altura do quilômetro 260,5 do Caminho, lembrando sempre que a contagem é de forma decrescente.

Antes de chegarmos ainda teríamos que passar pelo último desafio do dia e, diga-se de passagem, para mim, o mais indigesto, o conhecido Morro do Sabão. Íngreme, de chão batido e muito liso em dias chuvosos, na verdade, a subida é dividida em três duras etapas até ser superada completamente e, após horas andando, chega a judiar do peregrino.

Por volta das 16h finalmente chegávamos à pousada sendo aguardados pelos anfitriões, dona Sônia e seu Zacarias, um casal maravilhoso que nos recebeu já perguntando que horas queríamos nosso jantar (para dar um adianto nos trabalhos) mostrando também nossos aposentos para banho e descanso até a hora da refeição.

Cansados, o dia terminava dessa forma e a roda de conversa entre o grupo foi até tarde, todos contando suas dificuldades e suas impressões sobre o trecho, hora fácil, hora difícil, mas, de forma unânime, concordamos que fora mais um dia maravilhoso.

A manhã seguinte reservaria para nossa trupe a passagem pela cidade de Ouro Fino e a chegada a Inconfidentes, mas essa é uma outra história...

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