Cachaça 1803 representa Campinas no Festival da Cachaça em Salinas
Participação conta com apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e celebra a história da cana-de-açúcar em Campinas

Foto: Divulgação
A cidade de Campinas será representada em um dos mais tradicionais e respeitados eventos do Brasil voltado à cultura da cachaça: o Festival da Cachaça de Salinas, em Minas Gerais, que será realizado entre os dias 11 e 13 de julho. O destaque da participação campineira é a cachaça artesanal 1803, envelhecida na Fazenda Estação Salinas, na região do bairro Carlos Gomes, que leva consigo não apenas qualidade e tradição, mas também uma rica narrativa histórica que conecta as duas cidades — oficialmente reconhecidas como cidades-irmãs desde 2012.
A origem da marca 1803 remonta ao passado agrícola de Campinas. Seu nome faz referência ao ano de 1803, quando se tem o primeiro registro da produção de cachaça na antiga Fazenda Ponte Alta, então a maior propriedade rural do município. À época, Campinas despontava como um dos principais polos agrícolas do Brasil, com grande produção de cana-de-açúcar. A fabricação de cachaça era comum nos engenhos, mas naquele período passou a ser desenvolvida também como produto destinado à comercialização, ampliando a renda da fazenda Ponte Alta.
Mais de dois séculos depois, a Fazenda Estação Salinas, instalada onde antes existia parte da histórica Ponte Alta, retomou essa tradição e ressignificou o ofício de produzir cachaça. A 1803 nasceu em 2011, a partir de dois carregamentos de 15 mil litros cada de cachaça oriunda de Salinas, em Minas Gerais – região reconhecida como a "Capital Nacional da Cachaça", título conferido por lei federal em 2018.
Essa produção seguiu rigorosos critérios de qualidade, com destilação sem o uso da "cabeça" e da "cauda" – partes que podem comprometer o sabor e a pureza da bebida – e foi envelhecida por 14 anos em barris de carvalho francês, anteriormente utilizados para armazenar vinho do Porto.
O resultado é uma cachaça encorpada, de alto padrão, com 48% de graduação alcoólica e características sensoriais únicas. Após anos de maturação, o primeiro engarrafamento ocorreu em 10 de maio de 2025, totalizando 96 litros retirados do Barril 51. Com aroma marcante e sabor refinado, a 1803 é considerada uma verdadeira joia da produção artesanal brasileira.
A participação no festival em Salinas conta com apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campinas e também carrega um forte simbolismo. A cachaça 1803 se une à tradicional cachaça Havana para celebrar os laços institucionais entre Campinas e Salinas, fortalecidos a partir de Lei Municipal (lei 14.363 de 22 de agosto de 2012), que reconheceu oficialmente o status de cidades-irmãs. Essa união valoriza as raízes culturais comuns, o papel histórico da cana-de-açúcar na economia brasileira e a relevância das duas cidades no cenário nacional — Salinas pela tradição na produção da melhor cachaça do Brasil e Campinas como centro de conhecimento e tecnologia no agronegócio.
"A irmandade entre Campinas e Salinas vai muito além de um título simbólico. Ela fortalece nossa identidade cultural e abre caminhos concretos para o turismo de experiência. Levar a Cachaça 1803 ao Festival de Salinas é apresentar ao Brasil a história de Campinas, capacidade de inovação e compromisso com as tradições. É um convite para que mais pessoas conheçam Campinas por seus sabores, sua memória e sua hospitalidade", defende do diretor de Turismo da Prefeitura de Campinas, Eros Vizel.
Campinas, inclusive, é sede do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), fundado em 1887 e que desde o século XIX se dedica a pesquisas sobre a cana-de-açúcar e outras culturas que moldaram a economia brasileira. Ao longo dos anos, a cidade deixou de ser apenas produtora agrícola para se tornar polo de inovação e desenvolvimento científico, sem perder o vínculo com sua origem.
“A Cachaça 1803 é, portanto, muito mais do que uma bebida de qualidade. Ela é um símbolo de memória, identidade, resistência e celebração. Representa um elo entre passado e presente, entre tradição e inovação, e reforça o papel da cultura da cachaça como patrimônio imaterial da história brasileira. Ao representar Campinas no Festival de Salinas, a 1803 reafirma o potencial da cidade em valorizar suas raízes e projetá-las com excelência para o futuro”, defende o criador da Cachaça 1803, Carlos Andriani.
Estudo de reconhecimento como patrimônio
No Brasil, o reconhecimento do modo de fazer cachaça como patrimônio cultural pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) ainda está em fase de estudo, com mapeamento nacional das práticas e análise do pedido em andamento.