Autismo de criança para criança
Por Tati Petti
Já pensou que legal um programa em que você fosse o criador, com seus colegas, de ideias, histórias, desenhos, locuções e tudo isso virar uma animação? Pois isso existe e se chama De Criança para Criança, uma ação linda para escolas de todo o mundo. Os professores auxiliam na gravação da história pelo celular, tiram fotos das ilustrações dos alunos e na plataforma do programa uma equipe de animadores transforma todo esse material em um lindo desenho animado. A iniciativa é dos profissionais (e pais) Gilberto Barroso e Vitor Azambuja.
Trago o tema à tona porque, dentre os mais de 900 episódios – todos no YouTube, basta digitar De Criança para Criança – fiquei encantada com o que trata das emoções no autismo. Na verdade, são emoções que estão em todos nós, no nosso dia a dia e, muitas vezes, nem paramos para percebê-las. Este vídeo é um lindo convite a para a gente observar como essas emoções estão em nós e se desejamos continuar com elas ou mudá-las. Como? Perceber que elas estão ali é um ótimo começo. Depois, pensar: será que preciso mesmo me sentir assim ou se eu pensar de outra forma posso aliviar este sentimento que me deixa triste/bravo/irritado/chateado? Se questionar é trabalhoso e vale a pena.
O TEA
A animação destas emoções foi feita por crianças com autismo e ganhou destaque neste mês porque abril recebe a campanha de conscientização sobre o TEA, sigla de Transtorno do Espectro Autista, como deve ser chamado. Reconhecer o TEA a aprender a respeitar o autista faz parte do movimento de inclusão que devemos fazer nas escolas e em todo lugar.
O episódio em destaque se chama Emoções no Autismo, feito há cinco anos por Luís Dorión Schenk, um menino com o espectro autista, na época com 12 anos, que mostrou como se sente em relação ao mundo, já que muitas vezes não consegue expressar seus sentimentos. Transcrevo aqui para você ler e te convido a acessar depois no YouTube para ver este e tantos outros episódios, combinado? Boa leitura!
EMOÇÕES
“Emoções são difíceis. Quando minhas emoções ficam intensas, eu entro em pânico e corro para me isolar, porque eu fico com vergonha – o que é perigoso. Então, eu estou aprendendo a procurar por um adulto que eu conheço bem, como meu pai, minha mãe ou um professor, para dar sentido e dimensão ao que eu estou sentindo.
Feliz é fácil. Quando eu fico bravo, eu começo a reclamar e tento controlar a situação. Ficar bravo é para me proteger de sentir medo. Quando eu fico com medo, eu invento histórias e, às vezes, bato no meu irmão. Quando eu fico triste, eu vou para o meu quarto e fico tentando inventar outra versão para o que aconteceu. Quando eu tô confuso, eu finjo que sei tudo e estou aprendendo a conversar com meus pais como estou me sentindo.
Estou aprendendo que todo mundo fica bravo, com medo, confuso e triste às vezes. Falar sobre meus sentimentos me ajuda a entender que minhas ações impactam os outros e assim fica mais fácil para fazer amigos. Aprendi que minhas emoções nunca estão erradas, mas, às vezes, meu comportamento pode magoar os outros. Eu não quero magoar ninguém. Então, eu quero aprender a ter compaixão”.
