Atleta itatibense Luciane Gregório recebe homenagem da Federação Paulista de Jiu-Jitsu e inspira mulheres no esporte

Foto: Arquivo Pessoal
A itatibense Luciane Gregório foi uma das 170 atletas de todo o Brasil indicadas ao evento Honra ao Mérito da Federação Paulista de Jiu-Jitsu (FPJJ), realizado no dia 9 de setembro. O reconhecimento, considerado um dos mais importantes da modalidade no país, tem um peso ainda maior por vir da entidade que organiza os principais campeonatos, como o Brasileiro, o Paulista e o Sul-Americano.
Para Luciane, estar entre os nomes escolhidos é motivo de grande orgulho. “Foi muito gratificante, porque isso envolve não só um trabalho único, mas um conjunto de pessoas que também trabalham em prol disso. Reconhecimento é algo importante para sustentar qualquer área”, destacou. Segundo ela, não foram apenas as medalhas que contaram para a indicação, mas principalmente sua dedicação diária. “Acredito que não apenas as conquistas como atleta, mas também a entrega intensa e a disciplina de todo dia fizeram diferença”.
Uma trajetória que começou pela saúde mental
A entrada de Luciane no Jiu-Jitsu é recente: ela começou no esporte no ano passado. Mas, diferentemente da maioria que busca atividades físicas por estética, sua motivação foi outra. “Foi por motivo de saúde mental. Eu precisava de algo que me fizesse bem internamente. A partir daí, passei a me dedicar ao Jiu-Jitsu”, relembrou.
Hoje, integrando a Zarate Team, sob a orientação do professor Luiz e apoiada por colegas de treino, a atleta já viveu uma evolução rápida. “Logo começaram a surgir as perguntas sobre quando eu iria competir. Então aceitei o desafio e, depois da primeira experiência, não parei mais”.
Entre os títulos conquistados até aqui, Luciane tem um carinho especial pelo Sul-Americano. “Cada luta foi importante, porque envolveu superação. Eu estava debilitada, abaixo do peso e ainda me recuperando de uma gripe intensa. Mesmo assim, consegui vencer. Foi muito especial para mim”.
Enfrentando preconceitos e quebrando padrões
Apesar dos avanços da modalidade, Luciane reconhece que o preconceito ainda é uma barreira. “O primeiro desafio que qualquer mulher enfrenta é o preconceito, seja consigo mesma ou vindo da sociedade. Essa ideia de que luta ou esporte de contato é ‘coisa de homem’ é muito primitiva. Infelizmente, ainda intimida muitas mulheres”, avaliou.
Para ela, é preciso coragem para romper com esses estigmas. “Acredito que o nosso maior superpoder é sermos nós mesmas. Esse é o verdadeiro diferencial. A sociedade insiste em impor padrões, mas quando nos libertamos disso, vivemos o extraordinário — no esporte, na carreira e na vida”.
Luciane admite que já enfrentou olhares e julgamentos, mas garante que isso nunca a impediu de seguir em frente. “Entendo que é um trabalho de longo prazo, feito por várias mulheres dentro do esporte, para mudar esse tipo de mentalidade. Cada passo dado hoje abre portas para as próximas gerações”.
Inspiração e transformação
Motivada pelo impacto positivo do Jiu-Jitsu em sua própria vida, Luciane quer transmitir a outras mulheres e jovens a confiança que o esporte proporciona. “Se ame em primeiro lugar. Se cuide, porque só quando estamos inteiras conseguimos dar conta do resto. Uma das melhores sensações que o Jiu-Jitsu traz é a confiança dentro e fora do tatame. Isso é impagável”, afirmou.
Ela também acredita que o esporte pode ser um grande aliado na formação dos jovens. “No tatame, o aluno aprende a lidar com o desconforto, a encontrar calma no meio da pressão. Isso ensina muito sobre a vida, sobre lidar com sentimentos e emoções. Quanto mais cedo os jovens tiverem essa consciência, mais preparados estarão para o futuro”, explicou.
Sonhos e próximos passos
Com apenas um ano de prática, a atleta já pensa em ampliar os horizontes do Jiu-Jitsu em Itatiba. “Um dos meus objetivos é trazer competições para a cidade. O esporte hoje tem grande visibilidade e influência mundial, e seria muito importante criar esse movimento aqui também”, revelou.
No plano pessoal, o sonho é ousado: disputar o Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu. “Sei que o caminho é longo e desafiador, mas estou disposta a lutar por esse título, não só por mim, mas por todos que caminham ao meu lado — amigos, parceiros e familiares. É um desafio que encaro com coragem e determinação”.
Luciane compartilha suas conquistas nas redes sociais como forma de incentivo e exemplo. “Sempre que posso, posto sobre treinos e vitórias, mostrando que é possível, desde que você queira mudar. Meu objetivo é motivar outras pessoas a acreditarem que também podem chegar lá”.