Em três anos, São Paulo registra aumento de 85% nos atendimentos a pacientes com Alzheimer
Doença neurodegenerativa progressiva não possui cura, mas tratamentos podem retardar sua progressão
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O estado de São Paulo registrou um aumento nos atendimentos ambulatoriais por Alzheimer nos últimos três anos, com um crescimento de aproximadamente 84,8% de 2021 a 2023. Segundo dados da Secretaria do Estado da Saúde (SES), em 2021, foram realizados 10.175 atendimentos, número que subiu para 14.969 em 2022 e chegou a 18.800 em 2023. Nos primeiros seis meses de 2024, já foram registrados 9.827 atendimentos.
As internações também apresentaram um crescimento. Em 2021, foram registradas 371, número que passou para 444 em 2022 e atingiu 553 em 2023. De janeiro a junho de 2024, foram contabilizadas cerca de 238 internações.
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta a memória, o pensamento e o comportamento. Com o tempo, os sintomas pioram, levando a dificuldades nas atividades diárias e na comunicação. A doença é a forma mais comum de demência entre idosos e, embora não tenha cura, alguns tratamentos podem retardar sua progressão e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Segundo o neurologista do Hospital Japonês Santa Cruz, Dr. Flávio Sekeff Sallem, a causa da doença é desconhecida. “Acredita-se que o Alzheimer seja geneticamente determinado, instalando-se quando o processamento de algumas proteínas no sistema nervoso central falha. Isso resulta em fragmentos de proteínas malformadas e tóxicas que se acumulam dentro dos neurônios e nos espaços entre eles. Essa toxicidade leva à perda gradual de neurônios em áreas específicas do cérebro, como o hipocampo, responsável pela memória, e o córtex cerebral, importante para a linguagem, raciocínio, reconhecimento de estímulos sensoriais e pensamento abstrato.”
A doença de Alzheimer avança lentamente através de vários estágios, e não há como impedir esse progresso. Após o diagnóstico, a expectativa de vida média das pessoas com Alzheimer é de 8 a 10 anos. O quadro clínico é geralmente dividido em quatro estágios.
“No estágio inicial, a pessoa pode apresentar alterações na memória, na personalidade e nas habilidades visuais e espaciais. No estágio moderado, surgem dificuldades para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos, além de agitação e insônia. O estágio grave é caracterizado pela resistência em realizar tarefas diárias, incontinência urinária e fecal, dificuldades para comer e uma progressiva perda de mobilidade. Já no estágio terminal, a pessoa fica restrita à cama, apresenta quietação, dificuldade para engolir, dor ao deglutir e pode sofrer infecções”, explica o médico.
Entre os principais sintomas do Alzheimer está a perda de memória recente. Com a progressão da doença, surgem sintomas mais graves, como a perda de memória remota (ou seja, de fatos mais antigos), irritabilidade, repetição das mesmas perguntas, dificuldade em acompanhar conversas ou pensamentos mais complexos, dificuldades para elaborar estratégias de resolução de problemas, agressividade, passividade e interpretações errôneas de estímulos visuais ou auditivos.
“A doença não possui uma forma de prevenção específica. Acredita-se que a melhor maneira de prevenir é adotar hábitos saudáveis e manter a mente ativa, como estudar, ler, manter uma alimentação saudável, realizar exercícios físicos e mentais, não fumar e não beber. Entre os tratamentos, são utilizados medicamentos prescritos, com acompanhamento médico, que visam minimizar ou retardar os distúrbios da doença, proporcionando a estabilização do comprometimento cognitivo e da realização das atividades da vida diária”, declara o neurologista.